O guarda
rodoviário Nestor não estava num bom dia. Talvez fosse pelas noites mal
dormidas, pelos problemas com a mulher, ou pela insatisfação salarial. Há meses
que suas noites eram atormentadas pela insônia, nem mesmo os medicamentos o
ajudavam. Já havia devastado um campo de futebol em erva-cidreira e nada de
melhorar. O resultado era preocupações demais, sono de menos, uma insônia
diabólica.
As horas se
passavam pesadas e cansativas naquele dia cinzento que anunciava chuva. Quando
teve que parar um motorista que voava baixo pelo asfalto, Nestor não pensou
duas vezes antes de agir. Aproximou-se e tirou o sujeito do automóvel pelas
orelhas, aplicou-lhe uns a tapas, o
chamou de corno, veado, filho da puta e ainda o fez correr nu pela estrada, não
sem antes pintar de vermelho suas nádegas. Depois disso atirou nos pneus do
veículo e foi para casa bocejando. Abriu a porta de casa e deu de cara com o
Ricardão sentado no sofá, nu em pelo e tomando a sua cerveja. O sangue aqueceu,
a pressão que já fazia montanha russa fazia tempo acelerou e o coração fez bum!
No outro dia
o descarado sócio ajudava carregar o caixão com a cara mais triste desse mundo.
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