Num canto escuro de uma esquina malcheirosa, agarrada nos tijolos de um
prédio sujo, ela vomitava. Suas pernas manchadas de bexigas roxas demonstravam
a falta de cuidado que tinha para consigo. Um homem bêbado passou perto e disse
alguns gracejos enquanto ela jogava fora sua existência, encharcada de álcool
nas noites da vida. Após o pior passar ela levantou os olhos para o céu e viu a
lua olhando para sua carcaça desalinhada. Por um breve momento pensou nos
sonhos de menina que o diabólico tempo tratou de pulverizar. Tinha perdido o
juízo; a juventude tão gostosa de ser vivida; os amigos verdadeiros; a família
que ela mesma deixara para trás. Caminhou alguns quarteirões até seu quartinho
acanhado no hotelzinho de quinta categoria. Abriu a porta e sentiu no rosto o
cheiro de mofo que dominava o cubículo. Sentou-se na cama e acendeu mais um
cigarro, talvez o trigésimo da noite. Tudo à sua volta rodava, os olhos de
peixe morto, pálpebras caídas. Após fumar, apagou o venenoso e se deitou sobre
o cobertor que ansiava por limpeza.
Apagou... Mais uma noite de trabalho encerrada, mais um dia vivido sem ter
alegria no coração.
quinta-feira, 22 de junho de 2017
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