segunda-feira, 5 de junho de 2017

ENGANO

Há anos Herneus é proprietário de funerária, na verdade herança do pai. Ele também é responsável por embelezar os mortos. Maquia os corpos com estilo, deixando o morto com aparência de quase vivo; sem dúvida um artista dos cadáveres. Mas há acontecimentos inusitados mesmo para quem lida com gente que não berra. Estava ele ontem na sala de ajustes maquiando um velho defunto que acabara de chegar quando
  foi chamado ao telefone na outra sala. Voltou minutos depois para dar continuidade ao trabalho e o defunto havia sumido. Entrou em contato com a família do dito para informá-los do ocorrido e chamou a polícia. Uma confusão sem tamanho, ninguém conseguia explicar o sumiço do corpo. A família ficou alvoroçada e já falava em processar o dono da funerária por negligência. Mas quem iria roubar um defunto, ou, como um morto poderia fugir? Correndo? Voando?
Horas depois tudo foi esclarecido: o hospital da cidade informou à polícia que cometera um engano: o defunto verdadeiro ainda estava no hospital aguardando para ser retirado. O que eles haviam mandado era um pobre homem anestesiado que aguardava por cirurgia. Que por sinal fora visto correndo pelado pelo interior do município.


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