Há anos
Herneus é proprietário de funerária, na verdade herança do pai. Ele também
é responsável por embelezar os mortos. Maquia os corpos com estilo, deixando o
morto com aparência de quase vivo; sem dúvida um artista dos cadáveres. Mas há
acontecimentos inusitados mesmo para quem lida com gente que não berra. Estava
ele ontem na sala de ajustes maquiando um velho defunto que acabara de chegar quando
foi
chamado ao telefone na outra sala. Voltou minutos depois para dar
continuidade ao trabalho e o defunto havia sumido. Entrou em contato com a
família do dito para informá-los do ocorrido e chamou a polícia. Uma confusão
sem tamanho, ninguém conseguia explicar o sumiço do corpo. A família ficou
alvoroçada e já falava em processar o dono da funerária por negligência. Mas
quem iria roubar um defunto, ou, como um morto poderia fugir? Correndo? Voando?
Horas depois
tudo foi esclarecido: o hospital da cidade informou à polícia que cometera um
engano: o defunto verdadeiro ainda estava no hospital aguardando para ser
retirado. O que eles haviam mandado era um pobre homem anestesiado que
aguardava por cirurgia. Que por sinal fora visto correndo pelado pelo interior
do município.
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