O ETERNO MACHO
Tente ouvir dois ou três rapazes conversando numa rodinha; seus bate-papos
serão quase inteiramente compostos de bazófias – sobre suas façanhas no esporte,
seu sucesso na escola, a riqueza e o vigor animal de seus pais, a elegância de suas
casas. Acima de todos os quadrúpedes, o homem é o mais frívolo e idiota. Um belo
papagaio não passa de um mero papagaio em comparação a ele. O homem não
consegue se imaginar fora do centro das situações. Nunca abre a boca a não ser
para falar de si mesmo. Nunca realiza a mais trivial das atividades sem pavoneá-la
e aumentar-lhe a importância. Por mais banal que seja a situação em que se
encontre, tenta transforma-la na mais inédita e gloriosa possível. Se, num daqueles
sórdidos e obscuros combates contra outros imbecis, ele, por acaso, leva a melhor,
estufa o peito de tal jeito que parece a ponto de explodir. Mas se, ao invés de levar
a melhor, é obrigado a beijar a lona por um golpe desferido com luvas de pelica,
extrai disso quase o mesmo êxtase por sua derrota e ignomínia. Então temos, de
um lado, o herói; do outro, o mártir. Ambos estão sujeitos a grotescos e pueris.
Ambos são de araque.
1918
O LIVRO DOS INSULTOS
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