sexta-feira, 10 de fevereiro de 2017

A IDEOLOGIA DA DESTRUIÇÃO por Luís Milman. Artigo publicado em 09.02.2017

As catástrofes políticas, sociais e econômicas que caracterizam todos os regimes comunistas estão delineadas nos escritos de Marx. Porém, o marxismo não é uma doutrina insepulta, mas uma forma de religião que provoca um pandemônio cognitivo, inviabiliza o senso crítico e devasta os padrões morais do sujeito que adere a ele. Para Marx, a força das ideias era puramente destrutiva e seus efeitos deveriam ser sentidos em todos os aspectos da vida: destruir a economia de trocas livres, devastar a noção de indivíduo, destroçar as formas de organização política e social, pulverizar os costumes e a religião. Tudo está ao alcance do devastador mainstream ideológico marxista, que o crente no materialismo dialético passa a professar depois de ter se convertido a esta confissão.
Os regimes marxistas ruíram na Europa depois de quase um século de opressão e miséria. Sua vertente catocomunista impregnou, no entanto, a Igreja da América Latina e penetrou na política partidária do continente, com a ajuda da Universidade e de intelectuais devotados à causa, como os frankfurteanos, os pós-modernistas e os descontrucionistas. E essa vertente culturalista foi bem sucedida. A percepção dominante no mundo ocidental tornou-se relativista e permissiva. Padrões estéticos foram redefinidos para dar abrigo à vulgaridade e à banalidade alegadamente de extração popular da arte pop e da indústria do entretenimento, cuja referência é a destruição de valores milenares. A alta cultura foi nivelada a um vale-tudo em nome da mitificação do espontaneísmo das massas.
A criminalidade, a depravação e a drogadição tornaram-se fetiches na música e nas artes cênicas. A família, que já havia sido alvo dos ataques de Marx, foi transformada em vilã num enredo que apregoa a sua substituição pela promiscuidade. A sexualidade foi transmutada em exercício de taras, em nome de uma liberação feminina e da luta contra a dominação do macho. Foi despida do pudor e do recato, passando a ser praticada como parte essencial da luta política contra a opressão que está, segundo a ideologia destrutiva, em todo lugar.
O resultado, no Ocidente pós-II Guerra, foi o surgimento de uma mentalidade emasculada em todos os setores da vida, delineada pela hipertrofia de comportamentos extravagantes e de super-direitos abstratos. Por outro lado, nada do que se alicerça nos valores judaico-cristãos pode dar, nesta perspectiva, origem ao belo ou ao justo. A naturalidade com que se reproduzem, na mídia e na escola, clichês infanto-juvenis sobre opressão, igualdade e diversidade infesta a concepção contemporânea de mundo com um cavalar complexo de culpabilização do ego e faz com que mesmo a forma mais inocente de se expressar seja alvo de autopoliciamento, Os neologismos formados com a palavra fobia injetam, na vida social, o sintagma de combate de estudantes profissionais e de seus modelos pré-moldados na psicose nihilista.
É preciso sempre opor-se a esse contra-Renascimento, a essa era de trevas na qual a maioria das pessoas é atraída, pela cultura degenerada difundida pela mídia, ao exercício da autopiedade e ao nihilismo. A resistência à hegemonia do obscurantismo materialista deve mobilizar todos os assuntos da vida, porque o marxismo é holista. A luta é pela reconquista da condição humana por quem ainda não se deixou contaminar pela ideologia da destruição.
*Professor de Filosofia.

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