terça-feira, 10 de maio de 2016

Ficar para a história. Por Marli Gonçalves- Da página de Carlos Brickmann

Pensa comigo. Aos fatos. Está visto no decorrer da Operação Lava Jato que não há mais como escapar de investigações e que estas viram ao avesso as vidas, o presente, o passado e o futuro, aqui e em toda a galáxia. Certo? Certo. Até pode fazer, mas tem de rebolar tanto para não ser descoberto que vai acabar chamando a atenção do japonês. 

Sorria, você está sendo filmado, fotografado, televisionado, gravado, youtubado, instagramado, facebucado, zapzapeado e tuitado - eles também, e bem mais do que nós.

Pois bem. Com algumas décadas acompanhando a política nacional como jornalista, conheço ou lembro mais detalhes ainda do que a maioria de vocês, da vida pregressa desses cavalheiros de cabeça branca ou lisinha que ora se apresentam para nos governar e também os que se apresentam para resistir. Muita coisa antiga da época que só havia muito o "ouvi falar", mas quase nada era mesmo investigado. Assunto abafado era o termo. Às vezes, escapava, vazava, e algum jornalista conseguia uma boa história, suportava a pressão. Mas, como disse, eles eram jovens, arrogantes, queriam subir na vida e aprenderam política antiga contaminada por populismo. 

A essa altura, hoje, já devem ter percebido que as coisas realmente mudaram. Se tiverem consciência da importância do momento e da missão que constroem - e isso a gente pode ficar lembrando a eles todo o tempo - precisam tentar fazer o melhor, o seu melhor, não podem se deslumbrar com cargos e poderes. Já viveram, são raposas, experientes em sua grande maioria.

Vão querer entrar para a história com uma foto melhor na carteira de identidade. Tomara. Tomara. Tomara.

Da mesma forma, e do outro lado, os mais tradicionais dirigentes e militantes parecem crianças novamente se divertindo de voltar a atuar, ser de esquerda, de se manter bem à esquerda, combatendo "golpes", de agitar, conclamar, ser revolucionário - a única forma que antes todos nós achávamos legal para ficar para a história. Mártires. Mas eles terão um limite, não posso acreditar que - e será uma enorme decepção se o fizerem, como inclusive ameaçam - na Hora H insuflarão mais as massas de manobra, os jovens. Temo porque eles não têm mais tanta energia, e a situação ficaria fora de controle.

Passado esse meu momento otimismo em primeiro grau, me peguei pensando nessas coisas, entrar na história, ficar para a história, passar para a história. Entrar: a marca que deixamos quando fazemos algo marcante, realmente importante. Ficar: o legado de que um ato ou pensamento nosso possa conseguir ser imortal, ser exemplo, servir como guia e lembrança. E, enfim, passar para a história: o reconhecimento de uma ou mais gerações, ou ao menos de algum estudioso que dê a chancela, faça algum registro. Há até os que ganharam feriado, ou o direito de ficar "a vida inteira" sendo festejado no aniversário da morte.

Nos tempos digitais, com a locomotiva do tempo transformando-se em trem bala de forma espantosa, e o google virando verbo, ficou mais fácil e ficou maior esse mundo da tal história. Mais espaçoso, infelizmente talvez também menos criterioso, mas agora todos nós podemos sonhar com isso. Em estar bem na fita. Temos que caprichar é como chegaremos lá e por quais fatos mereceremos ser lembrados eternamente - História é eternamente, um infinito que não tem tamanho. 

Nesse exato momento, por linhas tortas ou não, somos a caneta que escreve a história. Mas não posso deixar de ressaltar que a tinta é indelével. Portanto, por favor, redobrem a atenção, escrevam com cuidado, sem arrependimentos, porque esse é exatamente um momento que passará para a história. E não pode ter borrão.

Marli Gonçalves, jornalista Registre-se isso. 

São Paulo, olho em Brasília, Brasil, maio de 2016

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