sexta-feira, 9 de dezembro de 2016
TEMPESTADE
O manto da noite cobriu a cidade dos que não voltam e trouxe junto vento, chuva e granizo. Flores mortas que cobriam as casas seguiram o vento; as que ficaram foram despedaçadas. Depois a lua surgiu e iluminou os destroços de metal, plástico, madeira e cimento espalhados pelos estreitos corredores e becos. Um pássaro tardio na fuga jazia sobre o brilho do mármore no berço de um ilustre filho da terra. A cruz mestre tombou sobre velas apagadas e pequenos vasos que estavam sob seus pés. Sobrou apenas um miseravelzinho do qual o limo já tomava conta. Dois mendigos que dormiam num jazigo-hotel conseguiram sair ilesos, pois o dito fora construído com material de primeira e obrado por mãos de quem sabia o que estava fazendo, sendo que não havia goteiras tampouco corrente de vento. Estiveram bem seguros durante o evento da tempestade. Já pequenas árvores também foram vítimas e se deitaram sobre túmulos com que num abraço. Logo ao lado na cidade vida, na cidade barulho, na cidade luz, nada, nem mesmo um ventinho soprou naquela noite. Muitos tentaram explicar, mas ninguém convenceu. Alguns mentirosos criativos dizem ter visto a figura do demônio soprando sobre o cemitério as nuvens da tempestade. Dizem...
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“Quando a fome é grande não tem jeito, precisamos apelar. Ontem peleei com um hipopótamo. Quase perdi o pelo.” (Leão Bob)
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