quarta-feira, 23 de novembro de 2016

O PAI

Quando chovia ele bebia água, pois havia uma goteira sobre a cama. Não comia para não ter que sair da cama para ir ao banheiro. Banho já se sabe que nunquinha. Para o xixi tinha um galão 3.6 que outrora carregara tinta automotiva, salvo às vezes que preferia fazer nas calças. Quando estava cheio jogava o conteúdo pela janela que ficava ao lado da cama. O quarto era uma imundície só; ratos e baratas sentiam-se em casa. A tinta das paredes apagada, o reboco falho e caindo aos pedaços, uma paisagem deprimente. O fedor era tanto que até o Jesus Cristo do quadrinho pendurado tampava o nariz. E assim nessa situação lamentável, verdade seja dita por escolha própria, foram os últimos dias do pai da preguiça.

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