domingo, 23 de outubro de 2016

SOU DO TEMPO

Sou do tempo das galochas,
das calças de brim Coringa,
da Conga azul com bico de borracha,
das camisas de Volta ao Mundo,
do veludo e cotelê.
Sou do tempo que chamávamos meias de carpim,
dos campinhos de terra,
da bola de borracha,
do chiclete ping-pong,
dos padres de batina.
Sou do tempo se chamava motorista de chofer,
em que os rapazes tinham vergonha de pedir preservativo na farmácia,
e de quem engravidava moça de família se casava por livre obrigação.
Fui menino na época da novela Antônio Maria,
do avião turboélice da Sadia,
da avenida coberta de macadame.
Sou sim daquele tempo,
e confesso que fui um dos muitos meninos
que tinha medo de tomar vacina de pistola,
e que quase fugia da escola no dia de vacinação.


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