Na minha rua
há uma casa que chamamos de ‘CASA ESCURA’. Moram lá quatro seres, pais e filhos
que não gostam de luz. Não são maus, apenas tolos que vivem lambendo um tal de
Senhor, que por sinal nunca ninguém viu.
Faça inverno ou verão pouco se abrem as janelas e portas, e raras visitas só de
alguns abençoados que também devem conhecer o tal de Senhor. Tem da vida uma
visão diminuta, mal enxergam a ponta do próprio nariz. São como morcegos
vivendo na escuridão, respirando um ar viciado, com medo da vida, não querendo
conviver com os seres de diferentes tipos de fé. São isso sim adeptos do
coitadismo explícito. Para eles os vizinhos não existem, não há cumprimentos
que a boa educação confere, existe sim fuga, luzes apagadas e silêncio, salvo
se o visitante de momento trouxer nas mãos alguma doação. Os moradores da CASA
ESCURA são os primeiros morcegos cristãos que conheço.
quinta-feira, 6 de outubro de 2016
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