INTRANQUILO
Hermógenes saiu de casa naquele
tarde completamente intranquilo, estando seu cérebro em chamas. Repetia para
si: “hoje eu mato alguém, hoje eu mato alguém.” Deixou o automóvel na garagem e
seguiu em direção à cidade. Na cabeça usava um boné branco e na mão direita um
revólver calibre 38, carregado com cinco projéteis. No caminho cumprimentou
bodes e galinhas. Duas centenas de metros antes da cidade empacou; sentou-se
numa pedra saliente e ficou por alguns minutos pensativo, até mesmo sem cuspir
e piscar. Então deu um grito pavoroso que acordou os japoneses que já dormiam,
semicerrou os olhos e atirou na própria cabeça. Em casa sua mulher sentiu o
coração palpitar quando viu os comprimidos do marido doente jogados no lixo.
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