Manuel,
setenta e cinco anos. Morava ele numa chácara em lugar ermo. Viúvo, um filho só
e morando no estrangeiro. Não tinha telefone, TV e nem vizinhos. Gostava de
viver assim, amigo da solidão. Nunca ficou doente, não ia ao médico. Naquela
noite repousava ao entardecer na cama quente. Fora das cobertas o frio era
intenso. Na madrugada o corpo quente foi ficando frio e finalmente gelou. O
defunto ficou abandonado na cama por alguns dias, ninguém sentiu sua falta. Ou
melhor, o gato Bidu sentiu, mas também morreu logo, não de frio, mas de fome.
Sem visitas, quem achou o cadáver do velho e levou um grande susto foi o
funcionário do banco que lá foi, triste ironia, para renovar o seu seguro de
vida.
quarta-feira, 4 de maio de 2016
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“Quando a fome é grande não tem jeito, precisamos apelar. Ontem peleei com um hipopótamo. Quase perdi o pelo.” (Leão Bob)
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