GLÓRIA VÃ
Nino, 12 anos, era um
menino mirado, com os ossos gritando para fora da pele. Sua tez amarelada
denunciava um corpo doente. Naquela
tarde de muito sol, Nino, que morava no
interior do interior saiu com outros meninos para pescar no riacho das
pedras. Meteu a minhoca no anzol e
apontou o caniço pra corredeira. Nem bem a minhoca havia se molhado um jundiá
puxou com gosto e Nino, firme como prego em polenta, foi para dentro do rio
agarrado no seu caniço. Afundou, voltou e bateu-se em pedras. Os companheiros ficaram apavorados sem saber o
que fazer. Todos sabiam nadar; o certo é que nenhum deles tinha força
suficiente para salvar um corpo que estava em apuros. A boa sorte foi que o
mirrado alguns metros abaixo conseguiu subir numa pedra sem largar a vara e
também o jundiá. Ergueu os braços mostrando o troféu. Teve mais sorte que
juízo. Foi festejado pelos colegas e voltou para casa com um peixe de quilo
para presentear sua mãe. O jundiá foi tomar banho na frigideira; o menino tomou
umas palmadas e ficou de castigo. E ficou sem comer o peixe.
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