O paulistano Felipe Cassola tenta há algum tempo diversificar a atuação de sua empresa de comunicação visual e digital, a Success, justamente para se proteger dos solavancos da economia. Mesmo assim, nos últimos meses, ele começou a sentir o impacto da recessão no País. “As pessoas estão gastando menos”, diz ele, que ao subtrair os custos do negócio com a receita proveniente dos clientes notou um risco no horizonte: a perda de capital de giro, a reserva de dinheiro destinada a manter a operação em funcionamento.
“A nossa situação é boa, mas para não pagar para ver eu resolvi aumentar o controle. Demiti cinco funcionários operacionais e contratei dois administradores. A função deles é enxugar custos, pra gente manter um caixa dentro da empresa”, diz.
De acordo com especialistas, o temor de Felipe Cassola tem fundamento. Segundo a gerente sênior da área de advisory da BDO, Romina Lima, o desaquecimento da economia, associado ao aumento da carga tributária, está consumindo o caixa das corporações brasileiras. “Muitas empresas estão com dificuldade de pagar sua operação”, diz ela, que aponta também como ponto crítico a dificuldade de acesso ao crédito via mercado financeiro, o que poderia aliviar as finanças neste momento. “Com os maiores riscos de inadimplência e o rebaixamento do rating do Brasil, as taxas cobradas para obtenção de empréstimos em bancos têm apresentado forte crescimento”, conta a executiva.
Segundo dados do Banco Central, entre abril de 2013 e 2015, a taxa de juros para financiamento a empresas cresceu de 14,60% para 17,10%, sendo que para o segmento de pessoa física o incremento foi de 8% para 9,3%. “Para o empresário, essa maior dificuldade para obter capital de giro e financiamento tem prejudicado sua capacidade de pagamento e reduzido significativamente a liquidez”, afirma Romina.
Prazo esticado
Para tentar se adequar ao momento, Marcelo dos Santos, sócio da startup de gestão financeira para pequenas empresas ContaAzul, diz que os empreendedores começaram a impor prazos mais curtos para recebimento de clientes, assim como estão negociando prazos mais longos com fornecedores. “É uma estratégia para tentar segurar o dinheiro por um período dentro da empresa”, conta ele.
Prazo esticado
Para tentar se adequar ao momento, Marcelo dos Santos, sócio da startup de gestão financeira para pequenas empresas ContaAzul, diz que os empreendedores começaram a impor prazos mais curtos para recebimento de clientes, assim como estão negociando prazos mais longos com fornecedores. “É uma estratégia para tentar segurar o dinheiro por um período dentro da empresa”, conta ele.
Ontem, a ContaAzul divulgou um levantamento, realizado com 1,25 mil empresas, apontando que 60% dos negócios fizeram empréstimos nos últimos dois anos. Desse montante, 82% usaram o dinheiro para manter o capital de giro.
Problema que Ivone Maghidman conhece bem. “É pegar dinheiro no banco ou não pagar as contas”, conta a dona da Kimagem, que produz jogos americanos personalizados para restaurantes e cozinhas industriais. “Eu já cheguei a ter uma reserva de R$ 80 mil, mas precisei queimar tudo”, conta ela, que além de tomar R$ 30 mil no banco, fechou o escritório e voltar a trabalhar em um espaço atrás de sua casa.
Fonte: O Estado de S.Paulo.
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