Muito além da mortadela
março 20, 2016
Num Brasil democrático, ambos os protestos, a favor e contra o impeachment da presidente Dilma Rousseff, deveriam ser tratados com respeito, livre expressão do pensamento popular, que, em tese, representariam.
Mas não é bem assim.
Enquanto, nitidamente, os manifestantes contra o Governo são cada vez mais impulsionados pela indignação contra a corrupção, e comparecem, sem a necessidade de estímulos materiais, às reuniões populares previamente agendadas, ou não (como se verificou no dia da indicação de Lula à Casa Civil), o mesmo, lamentavelmente, não tem ocorrido com quem defende a manutenção da atual gestão brasileira.
Na última sexta-feira, à tarde, em horário, para grande maioria dos brasileiros, considerado de trabalho, expressivo um terço do mar vermelho em que se transformou onze quarteirões da Paulista (contra vinte e três dos que defendem a queda de Dilma) era formado por funcionários públicos.
Boa parte do restante, de funcionários de grandes fábricas e montadoras.
Em comum, a ligação, de quase todos, com a facção criminosa CUT, que tem seu presidente ocupando cargo no BNDES, em nomeação por decreto da presidente Dilma Rousseff (documento pode ser conferido no link abaixo):
Apoio “premiado”: nomeado por Dilma, presidente da CUT recebeu quase R$ 160 mil do BNDES
Relatos de trabalhadores, que durante o referido dia de protestos, conversaram com o blog, são de arrepiar.
Em primeiro lugar, confirma-se a informação, surreal, do pagamento de R$ 30 e a distribuição de pão, mortadela e água aos que estiveram na Paulista.
Depois, pior, em alguns casos, “manifestantes” foram coagidos a indignarem-se, por chefes de fábricas e afins (gente da CUT), que não apenas liberaram-nos antes do termino do horário tradicional, como exigiram, também, fotografias comprovando a utilização do “uniforme” a favor do Governo, tiradas no local do protesto.
Teve gente, inclusive, que foi, bateu a foto e depois correu para a casa.
Tão verdadeira quanto as motivações de Dilma Rousseff para colocar Lula na Casa Civil esse tipo de procedimento entre apoiadores do Governo trata-se de tiro no pé evidente, que serve apenas para indignar ainda mais quem, de fato, protesta sem a faca no pescoço ou risco de ficar desempregado.
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