sábado, 13 de fevereiro de 2016

Oliver: A trinca

VLADY OLIVER
Faz algum tempo que meu querido irmão de pais e mães diferentes, Augusto Nunes, resolveu – num ato de coragem e desprendimento até – “investir” em três de seus comentaristas mais assíduos, dada a frequência, constância e talvez até relevância daquilo que comentam. Eu, Reynaldo Rocha e Tina Boots.
Evidente que isso não faz de nenhum de nós três “jornalistas acabados”, celebridades instantâneas, articulistas refinados ou donos do tabuleiro de cocadas que aqui são exibidas com toda pompa e circunstância. Muito pelo contrário. Somos apenas e tão somente escrevinhadores do ponto e vírgula; escadas para as sumidades que por aqui aparecem e candidatos potenciais a bons textos, vez ou outra.
O fato é que nós três discordamos em alguns pontos. Até aí, nada demais – faz parte do editorialismo não sermos iguaizinhos e comungarmos da mesma visão de mundo. O problema que se apresenta aqui, no entanto, é muito maior do que aparenta ser. Ele diz respeito a uma realidade escabrosa que vamos assistindo, sem termos o justo direito de nos manifestarmos com toda a veemência que o momento exige, sem precisar sermos linchados pela iniciativa.
Convido vocês a uma reflexão rápida: Empresas brasileiras – de comunicação inclusive – enfrentam a maior crise econômica que se tem notícia e precisam enxugar seus quadros funcionais. Quem você mandaria embora, se pudesse decidir? Quem ficaria? Pessoas alinhadas ou contrárias a esse governo que aí está? Quem você aturaria, apesar de discordar de seus pontos de vista?
Muitos acharão a questão irrelevante, quando não é. O mérito vem sendo violentamente atacado, aqui no Brasil. O alinhamento, testado. O patrulhamento nunca esteve tão atuante. Nota-se quando um exército de defensores do legado de FHC sempre se apresenta por aqui para defendê-lo, mesmo quando não é este o forte que está sendo atacado. O que alguns sensatos comentaristas querem saber simplesmente é porque um líder oposicionista do peso e da importância de um FHC insiste em se manter calado diante da maior empulhação que este país já viu. Ideologia ou oportunismo puro e simples? Falta de visão do momento que não é.
Se comemoramos as baixas no território da “esquerda militante e burra”, não podemos deixar de perceber que a “esquerda elegante” espreita, como os abutres de sempre, a “herança maldita” a ser deixada por estes candidatos a serem algemados pela lei. “Acuse-os do que você é; impute-lhes o que você faz”. Querem exemplo mais acabado do que este para justificar que fui linchado aqui mesmo, acusado de mentiroso, lulopetista a serviço do PT para acabar com a reputação de FHC na VEJA e outras acusações ainda mais rasteiras e descabidas, só por levantar essa questão de fundo?
O fato não teria maior importância se não começasse a comprometer a própria credibilidade deste nobre espaço, transformado em rinha de galinhas velhas. Acho que antes de perder a vergonha, as penas de tucano, o pudor e a razão, como andam perdendo os defensores do indefensável por aqui, melhor fechar o galinheiro, não é mesmo?
Confesso-me espantado. Quem acompanha minha humilde coleção de impropérios por aqui sabe que eu sempre afirmei aqui mesmo que não perderei a postura ereta para estes petralhas abjetos, e sim para uma outra turma manca; aquela que defende o resto da esquerdaria com unhas, dentes, peitos e lábios sem a menor noção de escrúpulos ou cerimônia. Estes são considerados “inteligentes”, quando são somente oportunistas mesmo. Estes AINDA estão no poder.
Pelo que entendi, levei uma carteirada do meu colega de coluna. Uma facada nas costas. A trinca trincou. Ficar agora vociferando contra as nuvens, o mau tempo, a ditadura militar, as dores de coluna e outras invencionices definitivamente é uma avenida entre o caos e o inferno. Avenida que os leitores deste nobre espaço poderiam ter sido poupados de trilhar.
Sinceramente? Agradeceria se nosso grande mestre Augusto Nunes não caísse nessa lábia rala. A coluna está cada dia mais vergada para a esquerda, com todo esse cacarejo e essa defesa inflamada do que é indefensável: a postura nojenta dos nossos oposicionistas. O episódio em moldura trouxe uma suspeita desagradável aos leitores de que somos manipulados editorialmente, para enaltecer a figura do ilustre sociólogo. Não acho que foi o que aconteceu, do contrário pararia de escrever aqui imediatamente e não ficaria ameaçando, como está fazendo o meu colega de condomínio.
Isso é lamentável. Assim como o silêncio do ex-presidente é letal para a nossa combalida democracia- e muitos aqui cobram dele isso – o silêncio do nobre articulista só corrobora as desconfianças já levantadas por alguns dos aqui comentam.
Eu quero acreditar que elas sejam totalmente infundadas, como infundados são os argumentos de que sou o dono da verdade do pedaço e, só por isso, mereço ser linchado de maneira sórdida e oportunista. Sou dono do meu cérebro e ele continua no lugar, graças a Deus. Isto já me basta.
Do blog Augusto Nunes
*Eu, Nelson, concordo com ele. FHC joga no time deles. Oposição de araque.

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