Tenho dito que estamos nos educando como cordeirinhos indo passivamente para a tosquia ou para o matadouro. Trabalhamos cinco meses por ano só para pagar impostos e não recebemos o mais comezinho serviço público, que é o da segurança, para nossas vidas e nossos pertences. O estado brasileiro não é um fracasso; fracasso é nosso, que elegemos maus administradores e maus legisladores e ainda ficamos alienados, encolhidos, ensurdecidos pelos tamborins do carnaval e pelos gritos do futebol. Depois do programa, a equipe do Bom Dia Brasil foi se refazer do trabalho da madrugada com um bom lanche. E cada um da mesa - éramos cerca de uma dúzia - tinha um episódio de vítima de assalto - às vezes mais de um - para contar. Fiquei imaginando se um uruguaio ou um chileno estivessem ouvindo na mesa ao lado, o quanto se surpreenderiam. Não acreditariam que vivemos em tal situação - e não reagimos, a não ser para contar o terror passado. É bom lembrar que a cada dia, mais de 150 brasileiros não sobrevivem para contar.
Somos os campeões mundiais em homicídios dolosos. Dos assassinatos neste planeta, 11% são praticados aqui neste país. Isso é uma emergência, uma catástrofe, mas ninguém liga para isso. Nem nós nem nossos prepostos no Legislativo e no Executivo. Aliás, muitos de nós contribuem para isso, enfraquecendo as leis, desrespeitando fundamentos mínimos de cidadania. Somos vítimas de nós mesmos, de nossa ignorância para a cidadania e civilidade. Será que as crianças que botamos no mundo, nossos filhos, netos, sobrinhos, merecem esse legado? É nossa responsabilidade prepararmos um futuro para eles. Mas é responsabilidade de agora, presente, premente. Ou será que queremos que se lembrem de nós como os que deixaram o banditismo tomar conta?
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