Arminio Fraga, em sua entrevista à Folha de S. Paulo, analisou o desastre econômico ponto por ponto.
- Há o risco de a inflação sair de controle?
"Sim. Está alinhada ao câmbio. O câmbio a 4 reais de 2002 hoje seria muito mais alto. Espero que não aconteça, mas é possível".
- Há um risco de choque de crédito e quebradeira?
"Está acontecendo já. As empresas já estão quebrando. O crédito secou, para alguns mais que para outros".
- O desemprego vai aumentar?
"A tendência é piorar. É consenso no mercado que o ano que vem é de nova recessão. Não é um cálculo de engenharia, mas já se fala até em -3% outra vez. Há uma paralisia no investimento bastante grave. Se não houver uma mudança bastante radical em como essa economia funciona, não vai ter muito crescimento mesmo após o ciclo. O quadro é desolador".
- E os problemas macroeconômicos?
"Há o exemplo do setor elétrico, que virou um caos. Não fosse a recessão, provavelmente estaríamos em racionamento. No setor de petróleo, eles quebraram a Petrobras. Nosso sistema tributário é outro problemaço".
- Qual é o cenário?
"Sem mexer na trajetória da dívida, não tem jeito, mas seria também preciso mexer no resto, para que o crescimento volte. Todos os cenários de crise sugerem que algumas dessas peças não foram reposicionadas, o fiscal principalmente. Sem um saldo primário de 3% a 4% do PIB e uma redução do gasto como proporção do PIB, nada resolve. E, sem as reformas, o caminho é muita incerteza, menos investimento, gente indo para fora".
O Antagonista
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