quarta-feira, 4 de novembro de 2015

Alexandre Garcia- Brasil em funeral



Nesta semana de Finados nos lembramos mais de nossos mortos. O que fica deles, embora já mortos, é o legado. Os exemplos, as histórias felizes, as boas lembranças, a companhia que nos agasalhou. O corolário é pensarmos também sobre o que vamos deixar para nossos entes queridos, para os que ficam, para os nossos filhos e netos, quando formos embora, ao terminar nosso ciclo de vida. Que país vamos deixar para eles. Que ensinamento, que formação, que exemplo deixaremos para nossos filhos, netos, afilhados, sobrinhos; nossos próximos, enfim.




Que legado vamos deixar. A História do Brasil nos mostra uma sucessão de lideranças fracas, medíocres, sem grandeza, satisfeitos em cumprir uma tarefa, um mandato, um comando, um posto, uma função, apenas de forma rotineira, mediana, sem o mérito de fazer o país dar um salto à frente. Fomos colonizados à mesma época dos Estados Unidos. Eles são a nação mais poderosa da Terra e nós continuamos na mediocridade, o país do futuro que nunca chega. Aqui, são lideranças fracas, enganadoras, demagógicas, que conseguem o aplauso de milhões de desinformados, que não aprenderam a pensar, a criticar, a exigir. As exceções naufragaram no mar da mediocridade.




Parece que hoje mais do que nunca estamos sem esperança, assistindo ao sepultamento de 3 mil empregos por dia enquanto a atividade econômica desce ao ritmo da marcha fúnebre. No governo, a mediocridade foi rebaixada, substituída pela inépcia. E não é a teimosia que impede as correções, mas a falta de sabedoria que vem com o fanatismo ideológico. Aqui, jazem as leis, a ética, a verdade, a vergonha, o respeito, o mérito; enfim, a ordem e o progresso, inscritos na bandeira. E poder público liderado por gente que já foi abatida pelos fatos e luta para sobreviver. E os maus exemplos descem às raízes, destruindo o legado a partir da família. Construímos o país da bagunça, da desordem. Em consequência, da vida difícil, do medo, do desconforto. Construímos o cemitério da civilidade. E somos todos responsáveis.




É um país na UTI, precisando arrancar da garganta e das veias os tubos que mantém os pulmões respirando e o coração batendo, e ganhar vida própria. O estado não pode ser mais forte que a sociedade. A sociedade – os que trabalham, produzem, pagam impostos, votam – é mais importante que o governo. Se a sociedade for submissa, passiva, alienada, os medíocres continuarão influenciando na vida de todos, pessoas físicas e jurídicas. A libertação para a democracia é o estado estar a serviço da nação; os governantes a serviço da sociedade, fazendo cumprir as leis e mantendo a ordem. Porque cidadãos livres conhecem o caminho do dever.

Nenhum comentário:

Postar um comentário

Observação: somente um membro deste blog pode postar um comentário.