sexta-feira, 9 de outubro de 2015

Portal Libertarianismo- O homeschooling é uma ameaça à educação pública

De acordo com o governo local, estou apenas começando o meu 5º ano como “pai-professor” em regime de homeschooling. Este foi o tempo que passei preenchendo papeladas e outras burocracias.
Nesse período, já ouvi homeschoolers sendo chamados de elitistas (pois nem todas as famílias têm condições de educar seus filhos em casa), esnobes (pois se supõe que nós, homeschoolers, desprezamos os pais que mandam seus filhos para escolas tradicionais), fanáticos religiosos (pois, bem, não são todos os homeschoolers adoradores da Bíblia ou algo assim?), hippies (pois se você não está lendo textos bíblicos, você deve ser algum outro tipo de bitolado), negligentes (e a socialização?) ou, simplesmente, egoístas.
Todos esses epítetos machucam, mas o último é o que parece mais injusto.
Aparentemente, nós somos egoístas por focamos no bem-estar de nossas famílias e nossos filhos ao invés do bem-estar da comunidade de forma mais ampla. Mas não somente muitas famílias que abraçam o homeschooling devotam seu tempo para o voluntariado e a caridade, e não somente evoluem como grupos comunitários de estudo, mas também alguns pais tornam-se ativistas, tornando o homeschooling um movimento político e não meramente uma escolha pessoal.
Esse ativismo tem, no mínimo, enfrentado um clamor acadêmico em prol da intervenção estatal na vida das famílias engajadas no homeschooling.
Em um artigo recente no City Journal, Homeschooling in the City,” Matthew Hennessey cita um professor de Direito da Georgetown University, Robin L. West, que “está preocupado que a maioria das crianças ensinadas em casa cresçam como ‘soldados da direita’, ansiosos por ‘enfraquecer, limitar ou destruir as funções estatais”.
Eu assumo que, para West, o rótulo “direita” inclui todos de nós que buscam “enfraquecer, limitar ou destruir as funções estatais” – você sabe, pessoas como John LockeTom Paine, e Henry David Thoreau.
Eu gostaria que os temores de West fossem reais.
Quando as escolas públicas perdem seu status de monopólio, a competição beneficia mesmo as famílias que nunca pensaram em colocar os seus filhos nas alternativas as escolas estatais.
Poucos dos homeschoolers que conheço, sejam de esquerda ou de direita, estão ávidos por reduzir o escopo da ação governamental – exceto quando a burocracia tenta invadir suas casas. A grande maioria dos pais está no exército, a maioria das mães dirige carros com adesivos de Barack Obama e a maioria das crianças frequentou escolas estatais antes de seus pais decidirem que seriam mais bem-educadas fora do sistema tradicional. Os ativistas estão focados na educação e nos direitos dos pais. Além dessas questões imediatas, existe pouco ou nenhum consenso sobre o escopo apropriado do poder governamental em áreas fora da educação.
Antigamente, causava-me frustração existirem tão poucos liberais na diversa e ativa comunidadehomeschooling na qual vivo. Mas existe algo a ser dito de um movimento não-ideológico que se afasta do cartel educacional do estado.
Os founding fathers (quem West, sem dúvida, considera “de direita”) viram o futuro da liberdade na ideia de descentralização: pequenos governos deveriam competir por cidadãos, da mesma forma que empresas competem por clientes. Cidadãos que estivessem insatisfeitos poderiam “votar com seus pés”, deixando para trás o governo daquele território (seja cidade ou estado) que não teve sucesso em atender às suas necessidades. Foi essa liberdade de movimento, afinal, que tinha permitido que a liberdade individual e a prosperidade geral crescessem, mesmo que imperfeitamente, no período da Idade Média.
Os ganhos de liberdade naquela época não foram resultado de ideologias; mas sim, do efeito da emigração.
Se os proprietários de terras fossem muito duros com os camponeses, estes poderiam buscar uma situação melhor em outro lugar. A lei feudal dizia que não podiam, mas, na realidade, podiam – especialmente no período pós-Peste Negra. Assim, as remunerações aumentaram e as condições de trabalho melhoraram, apesar de uma crença muita difundida na Teoria da Cadeia do Ser, uma doutrina que se postou contrária a tais mudanças.
Se os príncipes locais interferissem muitos nos mercados locais, os mercadores poderiam pegar as suas coisas e ir embora. Outras principalidades mais liberais os receberiam de braços abertos. Novamente, essa liberalização migratória não foi resultado de governantes sábios ou migrantes ideologicamente motivados; foi, simplesmente, a consequência da autoridade fragmentada e de fácil retirada.
Nós vivemos em uma era na qual a autoridade territorial cresce e se torna cada dia mais centralizada. Existe menos poder político por trás da opção de saída quando as regras assemelham-se de um lugar para o outro. Contudo, existem outras formas de abandonar o Leviatã. A tecnologia nos ajuda a superar o estado, afastando cada vez mais pessoas das regulamentações e carteis governamentais. Esses ‘desertores’ são astutos e movidos pelo interesse próprio; eles não são necessariamente ideológicos. A “gap economy” não poderia prosperar se dependesse de conversões filosóficas.
homeschooling começou antes do advento da tecnologia P2P, mas a ideia é similar: os que acham que podem fazer melhor que o sistema monopolístico simplesmente escolhem deixar aquele sistema, independentemente de a lei reconhecer ou não a opção alternativa. Por meio da rede P2P, os homeschoolers, como gerações de migrantes antes deles, buscaram alternativas fora do padrão, levando ao tipo de inovação geralmente inibida por sistemas centralizados.
Entre 1970 e 2012, de acordo com o economista Walter Willians, o número de crianças americanas educadas em casa cresceu de 10.000 para 1.700.000,00.
O professor West e outros defensores do estado inchado acertadamente se preocupam com tais números, mas não porque as crianças ensinadas em casa estão aprendendo alguma ideologia antigovernamental. A maior ameaça que o homeschooling posa para o sistema governamental é sua diversidade, sua resiliência, e seu sucesso acadêmico incomparável.
homeschooling parece cada dia mais atraente como uma alternativa à educação pública. Tal fato pressiona as escolas públicas a proporem novas soluções; pressionando os políticos a explorarem opções como as escolas modelo e sistemas de vouchers
Eu sou ainda novo para levar muito crédito, mas podemos agradecer aos milhares de pioneiros nas décadas de 60 e 70, e às milhões de famílias desde então, que silenciosamente retiraram seus filhos e seu apoio, e egoisticamente focaram no bem-estar de suas próprias famílias.
// Tradução de Matheus Pacini. Revisão de Ivanildo Terceiro. | Artigo Original

Sobre o autor

B.K. Marcus
É editor da The Freeman.

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