domingo, 4 de outubro de 2015

O ódio

Neste domingo, a Folha de S. Paulo entrevistou um sociólogo carioca chamado Michel Misse.


Neste domingo, uma mulher foi assassinada no Rio de Janeiro porque errou o caminho e entrou com seu carro numa favela.

O sociólogo coordena o Núcleo de Estudos da Cidadania, Conflito e Violência Urbana da UFRJ.

Sua tese é que os arrastões não existem. E que a culpa é da classe média:

“Muitos jovens não estão envolvidos em furtos; estão curtindo um comportamento desviante”.

“Os eventos ganham uma dimensão muito grande, são supervalorizados, como se ocorressem em grande escala. Há uma reação descabida, exagerada das forças de segurança”.

“Os problemas do Brasil são muitos grandes e muito pouco conhecidos dos brasileiros, especialmente da classe média que vive nas grandes cidades”.

“Esses jovens querem sair do anonimato em que se encontram. Procuram chamar atenção através de comportamentos em grupo. Para quem não está acostumado é assustador ver jovens negros juntos caminhando. Se eles começam a brincar, a fazer balbúrdia, decifra-se isso como início de um arrastão”.

Ele diz também que o PT rouba para o nosso bem, e que só a classe média reclama:

“A imprensa começou a fazer o papel de oposição política aos governos do PT; as pautas negativas ganharam mais relevância do que as positivas. Uma certa direita conservadora, que não aparecia, começou a aparecer. Principalmente em setores das classes médias que discordam que parte de seus impostos esteja indo para os pobres. O mais grave é que uma enorme parcela da classe média de profissionais é sonegadora, não paga impostos: participa do mesmo tipo de corrupção que critica. A direita saiu do armário. Isso é bom para a democracia, mas há uma extrema direita furiosa e raivosa. O ambiente está envenenado. Nunca vi tanto ódio”.

A classe média é realmente idiota: ela acha que ódio é matar uma pessoa que entra por engano numa favela.
O Antagonista

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