NÃO ERA MEU PARENTE
O sol se põe
e há um homem morto caído no meio da rua. A multidão se aglomera para ver o
cadáver. O povo gosta de ver a desgraça dos outros. Não existe muito sangue no
asfalto, apenas um leve filete saindo do nariz do pobre. Uma bicicleta torta
atirada ao lado já diz tudo. A mulher de blusa vermelha olha bem de perto para
ver se não é um primo seu. O homem de camiseta amarela e boné branco também
chega bem perto para ver se o reconhece. Nada. Vem o perito, faz os
procedimentos e o leva embora. O atropelador, em casa, sossegado, toma mais uma
cerveja. Dias depois, descoberto pela lei e questionado o porquê de não ter
prestado socorro, disse: “Que importa? Não era meu parente”.
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