
“Só Zona Sul”, diziam taxistas estacionados após a saída do Rock in Rio nesta madrugada. A prefeitura proibiu o Uber, tabelou o preço da corrida para o evento, mas é claro que na vida real continuou tudo como antes nas imediações do evento.
Moro relativamente perto da Cidade do Rock, é uma caminhada de 4,5km. Quis pegar um táxi após caminhar um pouco, mas todos se recusavam a fazer a corrida, até que um deles (eu já estava na Abelardo Bueno, ainda dentro da área interditada pela prefeitura) disse “oitenta reais”, preço tabelado pela prefeitura para corridas para a Zona Sul, uma distância que pode chegar a 40km dali. Eu apontei para o meu condomínio e disse “mas é só até ali”. A resposta foi apenas “o preço é fixo”. Oitenta reais por uma corrida de 2km, se tanto.
A proibição do Uber é contra o cidadão, mas é ótimo para os políticos que preferem se unir às corporações de ofício por serem organizadas e barulhentas, enquanto você reclama um pouco e logo depois dá os ombros e segue a vida.
Há algo de muito errado na democracia como é hoje. A maioria silenciosa e difusa não tem nem vez nem voz e a tal “vontade da maioria” é uma piada de mau gosto. A democracia hoje é o regime das minorias organizadas, que empurram sua agenda goela abaixo da sociedade que se cala ou no máximo “xinga muito no twitter”.
O Uber ofereceu 20% de desconto aos clientes durante o Rock in Rio que optassem por descer no Terminal Alvorada, onde há uma linha expressa de ônibus direto para o festival. Vários taxistas recusaram a minha corrida sucessivamente até que um deles me pediu oitenta reais para um trajeto que não levaria mais que cinco minutos. O Uber é proibido por lei de me dar uma alternativa a esse pessoal.
É claro que está errado e os políticos sabem disso, mas não estão nem aí porque têm certeza de que você daqui a pouco vai esquecer e, na eleição, ele ganhará seu voto do mesmo jeito, fazendo campanha bancados pelas minorias organizadas que roubaram esse dinheiro de você. Ao menos enquanto você permitir.
Alexandre Borges
Alexandre Borges é carioca, comentarista político e publicitário. Diretor do Instituto Liberal, articulista do jornal Gazeta do Povo e dos portais Reaçonaria.org e Mídia Sem Máscara. É autor contratado da Editora Record.
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