sexta-feira, 11 de setembro de 2015

ARTIGO, CÉSAR AUGUSTO ILGENFRITZ, JORNAL DO COMÉRCIO - EU CONCORDO COM A S&P




De fato, o governo brasileiro não merece “grau de investimento”. Vou contar para vocês sobre uma empresa de mais de 20 anos de atuação aqui do Estado, que conheço. Não declinarei o nome, mas se alguém tiver curiosidade, basta me perguntar. Essa empresa tem, em função de seus contratos com o governo, mais de 70% de seu faturamento empenhado em verbas de natureza salarial. Essa empresa tem, em reajustes atrasados para receber, valores que superam 1,5 vezes seu faturamento mensal, pois o governo não paga alguns reajustes previstos em lei, em função de critérios “personalíssimos” de cálculo. Essa empresa tem, nesse momento, 1,5 vezes seu faturamento mensal em faturas vencidas e não pagas pelo governo, por “vários” motivos, mas todos eles porque “o governo não liberou a verba”.



Essa empresa tem o valor correspondente a 49% de sua folha de pagamento em impostos retidos e não devidos por conta de um paternalismo governamental exacerbado que não acredita que o empresário brasileiro irá pagar o que deve. Essa empresa tem mais de 69% de sua folha de pagamento em valores retidos em conta vinculada bloqueada para movimentação por conta de uma decisão inconstitucional do governo que impede a empresa de movimentar seu próprio dinheiro para fazer fluxo de caixa, novamente por conta do receio de que a empresa não pague suas obrigações trabalhistas.



Essa empresa, por conta de tudo isso, encontra-se alavancada em 90% de seu patrimônio líquido em empréstimos de sócios. Esta “fonte de financiamento” foi buscada porque o Banco do Brasil, banco estatal, que antes fazia fila na frente da porta para oferecer dinheiro barato, agora entende que a empresa faz parte de um grupo de risco, pois vende para o governo! Essa empresa, graças ao “governo”, está com sérios receios de não poder cumprir com as suas obrigações se esta situação perdurar. Essa empresa entende que a Standard & Poor’s (S&P) está coberta de razão.

Do blog do Políbio Braga

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