VALENTINA DE BOTAS
O sucesso das manifestações venceu. Com menos ou mais gente, o recado está dado: estamos fartos. Não entende quem não quer. Claro, o governo não quer e continuará morto insistindo em esquecer de deitar, mas nem o indignado mais enlouquecido de esperança supunha uma renúncia no crepúsculo deste domingo. Pois do lado oposto da civilização está uma presidente que verga, mas não se envergonha, afinal passar ao lixo da história como a primeira mulher eleita e reeleita pelo maior esquema de corrupção de um país democrático é pouco, ela também será esquecida como a governante mais detestada.
Fraca, como toda figura manipuladora, não suporta o peso da ética e, assim, parece preferir esperar que a verdade em gravidez avançada dê à luz as provas que já nascerão andando, falando e com dentes. Mais uma opção pela qual fará o país pagar mais caro. Todas as circunstâncias das manifestações anteriores se deterioraram, portanto, se Dilma não se inebriasse nessa hybris dos arranjos espúrios com quem também não pode se garantir, não tentaria chegar sã e salva à sepultura política. Mas ela é a governante estúpida que, ultrapassando os confins da desonra, riu da fala intolerável de Vagner Faria anunciado a luta armada.
O meliante faz qualquer coisa pela pixuleca farsante que representa a continuidade do regime que lhe garante tetas, boquinhas e crimes – por enquanto – impunes, inclusive revogar a luta dada como irrevogável. Achou melhor gastar nosso dinheiro no tal churrasco, delinquência menos arriscada. A nação pagou um mensalão resultante em pretrolão que a fez perder 20 anos em 10. Bancou caprichos pessoais de poder, gozo e grana de uma escória farsante. É esbulhada em tudo – desde a tremenda riqueza que produz, até os serviços públicos miseráveis; infraestrutura exaurida; reformas inadiáveis adiadas para nunca; passando pela desidratação criminosa das instituições republicanas e a mediocrização autoritária do debate.
E, então, quando grita na terceira manifestação deste ano a mensagem inequívoca de que está farta, os legalistas fundamentalistas repisam que a insatisfação popular não basta para destituir um governante. Ora, cidadãos de país nenhum protestam insatisfação com governantes honestos, competentes e democráticos, assim, a platitude desconsidera as razões do repúdio ao regime lulopetista. Livrar-se desses vigaristas sem fronteiras é muito mais do que sanar uma insatisfação ou mero exercício de autoestima, essa coisa banalizada que é quase outro flanco por onde os medíocres atacam, mas uma questão de sobrevivência, pois a nação e o futuro dela são incompatíveis com a república de pixulecos
Cada indignado tem vivido a constatação tristonha de Antonio Machado que acusou o “cuán dificil es, cuando todo baja, no bajar también”, mas os novos tons da mesma cor intensa da indignação na uniformidade do grito que a manifestação deste domingo alcançou e na bem-vinda presença de Serra e Aécio reforçam que a dificuldade de tudo dá a medida da vitória de homens e mulheres em busca de um país decente: não se render, independentemente de serem centenas, milhares ou milhões.
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