
Leia a reporgtagem de Karina. A foto ao lado é de Samuel Maciel, também do Correio do Povo.
“É um descaso”, disse o motorista Marco Antônio Marques, 33 anos. O caso denuncia a crise do sistema do Estado, sem capacidade para atender a todos os pacientes. “A saúde está morrendo junto com o meu filho”, disse a mãe de Kaio Souza Marques, Angelita Silva de Souza, 39 anos. Ele tem a síndrome de West, uma doença rara que causa paralisia física e mental, e foi levado para a Emergência da instituição no dia 19 por conta de uma crise respiratória. O quadro se complicou e uma pediatra atestou a necessidade de transferência para um lugar com mais recursos. A família entrou com um recurso na Justiça e obteve uma liminar no dia 1º de julho. Contudo, a Secretaria Estadual da Saúde não recebeu o documento.
“O juiz foi célere, avaliou o caso no mesmo dia, mas o oficial de Justiça não cumpriu e não entregou a liminar”, declarou a advogada da família, Celina de Pauli. A comunidade de Alvorada se envolveu no caso e muitas pessoas foram para a frente do hospital ontem visando dar apoio a Marques. Depois de ele se acorrentar, a direção da instituição conseguiu um leito no Hospital da Ulbra em Canoas, apesar de garantir que a solução do caso não teve relação com o protesto e sim com a disponibilidade da Central de Leitos.
“Apesar de ter essa síndrome, o Kaio é um menino feliz, que sorri, brinca. Quando entrou no hospital, começou a tomar antibiótico e piorou”, contou a mãe. Segundo ela, as condições da Emergência de Alvorada não são nada boas. “As enfermeiras não têm tempo de limpar. Eu é que faço. Desde que meu filho baixou, não deram banho nele.” Conforme Angelita, não tem nem lençol. A mulher deixou o trabalho para cuidar do menino, assim como o pai, que passou a atuar como mecânico em casa. O cabeleireiro Ciro Pacheco, 53 anos, abraçou a causa. “Sou pai e me sensibilizo.” Ele fez campanha nas redes sociais.
Para deputado, União é "omissa"
O deputado federal Carlos Gomes (PRB) cobrou ontem a intervenção do governo federal para pôr fim à crise da saúde no RS. Na tribuna da Câmara, reproduziu notícias veiculadas nas últimas semanas, que listam dificuldades que hospitais enfrentam em razão de atrasos nos repasses da União e da administração estadual. A dívida total das instituições gaúchas é superior a R$ 1,2 bilhão. “Chama a atenção a omissão da União. Em vez de tomar as rédeas da situação e socorrer Estado e municípios, o Ministério da Saúde anunciou corte de R$ 11,77 bilhões no orçamento.”
Citou que quatro emergências de Porto Alegre apresentaram restrições no atendimento devido à superlotação na segunda-feira. “Só a Santa Casa, por exemplo, já fechou 41 leitos e a previsão é de extinção de 118 nos próximos meses para reduzir prejuízos.” Carlos Gomes destacou o caso do Hospital Montenegro, referência para 14 municípios, que ontem suspendeu atendimentos de especialistas, exames e procedimentos.
Do blog do Políbio Braga
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