Uma previsão pessimista
Eu costumo ser otimista – acho que o mundo será cada vez mais próspero, saudável, confortável, interessante, abundante, barato e divertido. Mas hoje cheguei a uma conclusão terrível. Antevi um fato que arruína todas as minhas previsões cor-de-rosa. No futuro, a tecnologia e o aumento da produtividade darão às pessoas mais tempo livre para ler, pensar e discutir. Intelectuais e gente que se considera assim, essas pessoas irritantes que acham que entendem do mundo e passam o dia problematizando, dando lição de moral e enchendo o Facebook de textão (ou seja, essas pessoas como eu) vão proliferar sem controle.
O fenômeno não é grande novidade. Até a Revolução Industrial, só reis e nobres tinham tempo livre para pensar e escrever. Se hoje a quantidade de intelectuais já inferniza a nossa vida, no futuro será insuportável. Já imagino o mundo em 2050: a turma tomando champanhe, fazendo festas com banquetes e fogos de artifício toda segunda, quarta e sexta, mas tendo que aturar inteligentinhos reclamando que está tudo errado, que faz mal, que oprimimos ou fomos oprimidos, que decepcionamos nos parâmetros de igualdade e vida correta que eles criaram, que precisamos seguir mais regras para evitar um castigo imaginário.
O maior problema do futuro não será o excesso de carros na marginal ou de metais pesados no aquífero Guarani, mas a proliferação descontrolada de intelectuais.
@lnarloch
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