
Os 11.741 estudantes que participam do programa "Ciências sem Fronteiras" nos Estados Unidos receberam um e-mail na quarta-feira (06) do IIE (Instituto de Educação Internacional) informando sobre o atraso do pagamento referente a moradia, alimentação e auxílio deslocamento durante o verão (Inverno no Brasil).A mensagem foi recebida como um desrespeito aos intercambistas -- e não apenas pelo atraso na verba, mas também porque a instituição recomendou que os alunos usassem "o método brasileiro de resolução criativa de problemas", o famoso "jeitinho brasileiro" enquanto o dinheiro não chegasse. A recomendação causou revolta e aflição entre os bolsistas.
A reportagem é da Folha de hoje. Leia as denúncias completas:
O IIE é responsável pelo repasse dos auxílios e a verba é de responsabilidade do governo brasileiro. A mensagem informa que o Instituto não pode confirmar a data em que os pagamentos serão efetuados, nem pode fornecer fundos de emergência ou bolsas adicionais.
"Enquanto isso, pedimos que para que você use o método brasileiro de solução criativa de problemas para trabalhar com seus amigos brasileiros, seus novos amigos americanos, sua família, contatos formais e informais, seu assessor e funcionários da universidade para angariar recursos. Ofereçam hospitalidade uns aos outros, peçam gentilmente para ficar com os amigos, utilize mais os dormitórios e refeitórios do seu campus ou use sua bolsa da Capes (Coordenação de Aperfeiçoamento de Pessoal de Nível Superior) para arranjos temporários", afirma um trecho do e-mail.
Revolta
Karolina Solano,22, estudante do Ciência sem Fronteiras que recebeu o e-mail sugerindo "jeitinho brasileiro" para lidar com atraso de bolsa
Para os estudantes da Western Kentucky University Karolina Solano,22, e Artur Rodrigues,20, a utilização do termo "jeitinho brasileiro" foi de péssima escolha.
"Pareceu um deboche com a gente e também com todos os brasileiros que lutam todos os dias por oportunidades e por vitórias na vida. Tenho que receber cerca de U$ 2.800 do IIE", desabafa Karolina. "A indignação está na falta de cuidado e respeito. A quantia que recebi da Capes já dá para me sustentar até o pagamento."
Já o estudante de odontologia Artur teve uma reação mista ao ler a mensagem: "Não sabia se ria pela cara de pau ou se ficava com raiva. O jeitinho brasileiro é um termo estereotipado e um eufemismo para caloteiro".
Um estudante de engenharia mecânica que preferiu não se identificar, conta que está nos Estados Unidos há pouco mais de um ano e nunca teve problema com atrasos. "Essa é a primeira vez, mas, fui completamente ofendido. Eles, ao mandarem esse e-mail, perderam a oportunidade de ficarem calados".
Procurada pela reportagem, a Capes, responsável pelo programa Ciências sem fronteiras no País, não se pronunciou sobre o caso até o fechamento desta matéria. Assim que eles enviarem seu posicionamento, ele será acrescentado no texto.
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