terça-feira, 21 de abril de 2015

IL-Quem é “chapa-branca”, cara-pálida?

Quem é “chapa-branca”, cara-pálida?

É de morrer de rir a ginástica mental de certos militantes esquerdistas para defender o indefensável – leia-se: o PT.  É o caso, por exemplo,desse artigo do senhor Gregório Duvivier, na Folha de São Paulo desta segunda feira.
Confesso que, como o moço é comediante profissional, a princípio fiquei sem saber se estava diante de mais uma piada ou se era coisa realmente séria.  Na dúvida, em virtude do espaço onde foi publicado, levei a sério.
Depois de lembrar Monteiro Lobato e Paulo Francis (esqueceu de Roberto Campos) para afirmar que sempre houve corrupção, não só no país, mas no setor de petróleo, em particular, e repisar a surrada tese de que o PT não inventou a corrupção – como se algum crítico já houvesse dito tal asneira, algum dia -, Duvivier resume a que veio:
“Desconfio de qualquer pessoa que se diga contra a corrupção. A razão é uma só: ninguém é abertamente a favor da corrupção, logo não faz sentido protestar contra ela. Um protesto sem oposição é um protesto chapa-branca, porque não atinge ninguém diretamente. É como protestar contra o câncer. “Abaixo o carcinoma!””
Seu foco, obviamente, é desmerecer as recentes manifestações de março e abril, que levaram às ruas milhões de indignados, principalmente contra a corrupção de magnitude oceânica que se instalou nas estatais tupiniquins durante os governos lulopetistas.
Ao chamar de “chapas-brancas” os protestos contra o governo, o moço demonstra não ter o menor cuidado com o que diz.  “Chapa-branca”, por definição, é quem protesta ou utiliza espaços na mídia para escrever a favor do governo, seja por interesse econômico ou ideológico.  Como é mesmo aquele velho lema dos manuais bolcheviques? “Acuse-os do que você faz, xingue-os do que você é…
Duvivier tenta desmerecer as manifestações porque, na sua ótica particular, elas não atingem ninguém diretamente.  Segundo ele, como ninguém é abertamente contra a corrupção, protestar contra ela seria como protestar contra um fato da natureza, como contra o câncer.
De fato, protestar contra o câncer ou contra a ganância dos empresários, como fazem amiúde os prosélitos da esquerda, é o mesmo que protestar contra a lei da gravidade.  Pura perda de tempo.
Ocorre que a corrupção não é um fato da natureza, assim como nenhum outro crime é.  Analogamente, o que o indigitado está nos dizendo é que, como ninguém é abertamente a favor do homicídio, seria absolutamente infrutífero protestar contra a insegurança pública ou, mais especificamente, contra os altos índices de criminalidade de Pindorama.
Trata-se, evidentemente, de uma enorme bobagem.  Quem protesta contra a corrupção desenfreada que se instalou no país está pedindo às autoridades instituídas ações firmes para detê-la.  Está pedindo, por exemplo, que se reduza o número de empresas estatais e o volume absurdo de dinheiro que circula em suas entranhas, foco principal de políticos, burocratas e empresários corruptos.   Está pedindo uma ação firme do poder público no sentido de investigar e colocar na cadeia os corruptos, sejam eles quem forem.  Afinal, não é outra a principal função do Estado, em qualquer manual de ciência política que se preze.
Portanto, quem sai às ruas para protestar contra a corrupção ou contra a insegurança pública tem a exata noção de que só nos encontramos onde estamos por conta da impunidade reinante no país, fruto da incompetência dos governos, em seus diversos níveis, que fornece aos criminosos, agentes públicos e privados, incentivos perversos para agir contra os interesses da sociedade.
Em resumo, a corrupção, ao contrário do que Duvivier quer que nós acreditemos, não é um fato da natureza.  Ela é maior ou menor dependendo justamente das ações e omissões do governo, para o bem ou para o mal.
Finalmente, essa lengalenga que pretende resolver o problema proibindo o financiamento de campanha por empresas é ridícula.  É como achar que se vai acabar com a infidelidade conjugal proibindo os motéis…

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