O desespero da esquerda mostra que estamos no caminho certo
por MATEUS BARRETO*

Dia 15 de março de 2015 ficou marcado na história do Brasil. Mais de dois milhões de brasileiros foram às ruas neste domingo, em várias cidades, manifestar sua indignação contra o descaso, a incompetência e a roubalheira que tomou conta do nosso país. Manifestações pacíficas, com a presença de muitas famílias, entre avós, pais, filhos e netos. No meio daquela multidão, encontravam-se assalariados, empreendedores, estudantes, crianças, donas de casa e aposentados, sem bandeiras partidárias, baseados em princípios e valores democráticos. Embora alguns apresentassem reclamações e reivindicações mais específicas, todos gritavam em uma só voz por soluções aos problemas que nós brasileiros temos enfrentado diariamente, causados pelas más escolhas tomadas pelo nosso governo.
Na contramão, o governo segue dando desculpas e deixando de apresentar soluções, fazendo com que nós brasileiros continuemos pagando uma conta que não é nossa. Mas não entraremos nesse mérito aqui nesse texto. O que devemos expor aqui é que não só Dilma e sua equipe ficaram incomodadas com as manifestações de domingo. A esquerda em geral, em parte liderada e patrocinada pelo PT, por entidades que funcionam como suas linhas auxiliares, como a CUT e o MST, além de filiados e simpatizantes de partidos socialistas e comunistas de menor expressão, que às vezes também fazem o papel de linha auxiliar do PT, estão igualmente (ou até mais) incomodados.
O que se viu nas redes sociais foi uma mistura de desespero, ingenuidade e desonestidade por parte daqueles que vestem vermelho. Durante a semana passada, a tentativa de deslegitimar o movimento pacífico de domingo incluía discursos segregacionistas e generalizações patéticas sobre o perfil dos manifestantes, como se os protestos pedissem por intervenção militar ou pela volta da ditadura, e que estariam sendo motivados pelo ódio que a “elite branca” sente pelos pobres, que hoje, graças aos governos Lula e Dilma – dizem eles –, podem andar de avião, comprar produtos “de luxo” e fazer faculdade – embora eu, particularmente, penso que isso foi possível graças ao trabalho dos brasileiros que sempre quiseram melhorar de vida, e não de um governo ou de outro. Chegaram a dizer que as manifestações seriam um fiasco, que a “burguesia” não teria coragem de sair às ruas para reclamar seus direitos.
Pois bem, eles se enganaram. Aí começaram a acabar as desculpas para deslegitimar o movimento. Sobrou até para a camisa da seleção brasileira de futebol, que é um dos mais conhecidos símbolos do nosso país no mundo todo, e para montagens criminosas, como uma bastante propagada, ligando manifestantes ao nazismo. O desespero, mais uma vez, tomou conta das redes sociais, com as desculpas ficando cada mais vez mais esfarrapadas, lembrando muito o que o nosso governo faz. A esquerda percebeu que não é a detentora do monopólio das manifestações. Mais do que nunca, devem reconhecer também não é a detentora do monopólio da virtude, nem da justiça, tampouco das justas reivindicações. E aí fica difícil pra essa gente, porque esse sempre foi o maior apelo deles, ainda que, ultimamente, vêm sendo desmascarados pelas suas próprias contradições. E a tentativa de deslegitimar as manifestações tem sido uma das principais delas.
Ainda devemos lembrar que ficou mais feio se compararmos o que aconteceu neste domingo com o que aconteceu dois dias antes. Na sexta-feira, liderados pela CUT e pelo MST – braços auxiliares do PT e outros partidos de esquerda –, “manifestantes” e “trabalhadores” foram às ruas de algumas cidades brasileiras protestar, segundo eles, em defesa da Petrobrás, por “reformas estruturantes” e pela democracia. Muito contraditório, eu diria, por quatro razões, expostas a seguir.
A primeira é que defender a Petrobrás é tirá-la das mãos de corruptos parasitas que desviaram mais de R$ 88 bilhões da estatal nos últimos anos, e não defender que ela se mantenha nas mãos do PT e seus aliados. A segunda é que as “reformas estruturantes” deveriam ser iniciadas há 12 anos, quando Lula – o herói deles – assumiu a presidência da República. A terceira é que eles diziam defender a democracia enquanto atacavam o direito legítimo dos descontentes com o atual governo irem às ruas dois dias depois. E a quarta – e mais comentada – se refere aos “manifestantes” e “trabalhadores”, que coloquei entre aspas propositalmente. Ora, que “manifestantes” são esses que precisam receber dinheiro (R$ 35 em São Paulo e R$ 50 no Rio de Janeiro), além de pão com mortadela? E o que dizer dos “manifestantes” que nem português falavam? Para piorar, os “trabalhadores” estavam nas ruas em dia e horário em que os verdadeiros trabalhadores (estes, sem aspas) estavam trabalhando. Que “trabalhadores” são esses? É claro que nem precisaria dizer – mas digo – que estavam sendo bancados pelo dinheiro da contribuição sindical, recolhida dos verdadeiros trabalhadores. Mesmo assim, tais manifestações foram um fiasco. Muito menos pessoas foram às ruas na sexta-feira do que no domingo, em qualquer cidade do país.
Isso mostra que a maneira do PT e de toda a esquerda proceder já não está mais funcionando. Estão sendo descobertos pelas suas próprias contradições e pelas suas próprias mentiras. Inventam desculpas em vez de buscarem soluções. Pregam a segregação e incitam o ódio entre classes em vez de unir os brasileiros. Enquanto isso, a cada dia, mais brasileiros começam a perceber a farsa por trás da retórica das grandes figuras da esquerda do nosso país, somando-se àqueles que já se levantavam há um tempo contra um governo que desestimula o empreendedor e que pune o trabalhador com tantos impostos cobrados sem nenhuma contraprestação. Isso só mostra que estamos no caminho certo e que não devemos nos dispersar. Espera-se que esse lindo movimento faça os nossos representantes voltarem os olhos para a população e atenderem o nosso clamor, para que o Brasil seja um país habitável e admirado.
*Mateus Barreto é advogado, graduado em Direito pela Universidade Estadual de Maringá (UEM) e Especialista em Direito do Estado pela Universidade Estadual de Londrina (UEL).
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