PERDIDA NA NOITE
Num canto escuro de uma esquina mal-cheirosa, agarrada nos tijolos de um prédio sujo, ela vomitava. Suas pernas manchadas de bexigas roxas demonstravam a falta de cuidado que tinha para consigo. Um homem bêbado passou perto e disse alguns gracejos enquanto ela jogava fora sua saúde encharcada de álcool pelas noites da vida. Após o pior passar ela levantou os olhos para o céu e viu a lua olhando para sua carcaça desalinhada. Por um breve momento pensou nos sonhos de menina que o tempo tratou de pulverizar. Tinha perdido o juízo; a juventude tão gostosa de ser vivida; os amigos verdadeiros; a família que ela mesma deixara para trás. Caminhou alguns quarteirões até seu quartinho acanhado no hotelzinho de quinta categoria. Abriu a porta e sentiu no nas narinas o cheiro de mofo que dominava o cubículo. Sentou-se na cama e acendeu mais um cigarro, talvez o trigésimo da noite.Tudo à sua volta rodava, os olhos de peixe morto, pálpebras caídas.Após fumar, apagou o venenoso e se deitou sobre o cobertor que já cobrava por limpeza. Apagou. Mais uma noite de trabalho encerrada, mais um dia vivido sem alegria no coração.
quinta-feira, 13 de novembro de 2014
Assinar:
Postar comentários (Atom)
-
“Eu também só uso os famosos produtos de beleza da Helena Frankenstein. ” (Assombração)
-
FUMANTE Breno tinha ojeriza de cigarro. Ninguém podia fumar dentro e nem fora de sua casa, dentro do seu carro ou perto dele, mesmo s...
-
“Notícia boa demora para chegar, né? Só agora fiquei sabendo que o Lula ladrão está preso. “
Nenhum comentário:
Postar um comentário
Observação: somente um membro deste blog pode postar um comentário.