Eu conheço variações da história clássica sobre arrogância ocidental (muitas vezes traduzida com a ideia de que os ocidentais dão menos valor às vidas dos outros) estampada em uma manchete do vetusto The Times, de Londres: “Ônibus cai em desfiladeiro, um britânico ferido e 30 paquistaneses mortos”.
Vale esta referência diante dos fatos horrorosos desta terça-feira no Paquistão, na sequência do desfecho do atentado de segunda-feira em Sydney, na Austrália (três mortos, entre eles o sequestrador). Em uma escola de Peshawar, mais de 125 pessoas morreram, em sua maioria crianças, em um ataque do Talibã.
Não vou aqui discutir política interna ou jogos geopolíticos naquela região ingrata do mundo. Este ato de barbárie obviamente é destaque na imprensa global, mas não é uma sensação midiática, como o caso do atentado em Sydney, uma das mais espetaculares metrópoles do mundo. Mídia sempre é seletiva. Basta mencionar que no caso de Sydney o destaque na imprensa brasileira foi o fato de haver uma brasileira entre os reféns.
Não preciso de aulas de jornalismo ou de ética jornalística para debater o assunto. Claro que um atentado no coração de uma cidade como Sydney em geral será um “espetáculo midiático” mais intenso do que um ocorrido em Peshawar. Não se trata de arrogância ocidental ou pouco valor às vidas dos outros. São regras elementares de como funciona a imprensa (comercial). Dito isto, o que aconteceu nesta terça-feira foi demais até para o Paquistão.
PS- Dentro do assunto sobre critérios informativos, uma informação pertinente. Adivinhe qual foi otop trending topic no Google em 2014? Foi o suicidio do ator Robin Williams, seguido pela Copa do Mundo, Ebola e os dois desastres com aviões da Malaysia Airlines (Pacífico e Ucrânia).
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