Eu conheci Bob Davis, um veterano jornalista do The Wall Street Journal na década passada em Nova York em um painel sobre imprensa e a imagem da América Latina. Pessoa finíssima. Na época, ele era encarregado, baseado em Nova York, da cobertura de países emergentes. Eram dias de deslumbramento com o Brasil e os demais integrantes dos Brics, eram tempos em que crise era considerada “marolinha”.
Em 2010, o Wall Street Journal deslocou Bob Davis para a China. No sábado, ele publicou um ensaio reflexivo agora que chegou ao final de quatro anos de trabalho em Pequim. O título é este que eu apropriei para esta coluneta dominical: O fim do milagre chinês? Infelizmente, acesso apenas para assinantes do jornal. Quando Davis chegou, a China crescia anualmente a quase 10% ao ano, por três décadas, um feito sem precedentes na história econômica moderna. Agora, existe desaceleração, com crescimento na faixa de 7%.
Bob Davis está pessimista sobre o futuro econômico chinês. Ele atribui a desaceleração a dois fatores básicos: O primeiro é a dívida, que criou uma bolha imobiliária. O guindaste de construção nem sempre é símbolo de vitalidade econômica. Pode ser também de uma economia que desgalhou. E o segundo fator é corrupção. O todo-poderoso presidente Xi Jinping quer reverter a desaceleração e uma pedra-de-toque é uma cruzada contra a corrupção, que é arbitrária e inescrupulosa em uma ditadura como a chinesa.
Entre as “historinhas” no ensaio de Bob Davis, eu destaco a seguinte: ele entrevistou um estudante de engenharia e ficou impressionado com os planos de vida do rapaz. Os pais tinham ficado ricos ao construírem uma fábrica de sapatos. No entanto, o filho não queria seguir o o mesmo caminho de eempreendedorismo Tampouco, este era o desejo dos pais. E qual conselho eles deram para o filho? Trabalhar para o estado. O emprego seria estável e quem sabe ele descolaria um posto governamental através do qual pudesse ajudar os negócios da família. Sem conexões (guanxi), não há milagre na China.
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