quarta-feira, 26 de novembro de 2014

Caio Blinder- O fim do milagre chinês?



Implosão do modelo?
Implosão do modelo?
Eu conheci Bob Davis, um veterano jornalista do The Wall Street Journal na década passada em Nova York em um painel sobre imprensa e a imagem da América Latina. Pessoa finíssima. Na época, ele era encarregado, baseado em Nova York, da cobertura de países emergentes. Eram dias de deslumbramento com o Brasil e os demais integrantes dos Brics, eram tempos em que crise era considerada “marolinha”.
Em 2010, o Wall Street Journal deslocou Bob Davis para a China. No sábado, ele publicou um ensaio reflexivo agora que chegou ao final de quatro anos de trabalho em Pequim. O título é este que eu apropriei para esta coluneta dominical: O fim do milagre chinês? Infelizmente, acesso apenas para assinantes do jornal. Quando Davis chegou, a China crescia anualmente a quase 10% ao ano, por três décadas, um feito sem precedentes na história econômica moderna. Agora, existe desaceleração, com crescimento na faixa de 7%.
Bob Davis está pessimista sobre o futuro econômico chinês. Ele atribui a desaceleração a dois fatores básicos: O primeiro é a dívida, que criou uma bolha imobiliária. O guindaste de construção nem sempre é símbolo de vitalidade econômica. Pode ser também de uma economia que desgalhou. E o segundo fator é corrupção. O todo-poderoso presidente Xi Jinping quer reverter a desaceleração e uma pedra-de-toque é uma cruzada contra a corrupção, que é arbitrária e inescrupulosa em uma ditadura como a chinesa.
Entre as “historinhas” no ensaio de Bob Davis, eu destaco a seguinte: ele entrevistou um estudante de engenharia e ficou impressionado com os planos de vida do rapaz. Os pais tinham ficado ricos ao construírem uma fábrica de sapatos. No entanto, o filho não queria seguir o o mesmo caminho de eempreendedorismo Tampouco, este era o desejo dos pais. E qual conselho eles deram para o filho? Trabalhar para o estado. O emprego seria estável e quem sabe ele descolaria um posto governamental através do qual pudesse ajudar os negócios da família. Sem conexões (guanxi), não há milagre na China.

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