AVENIDA
GENERAL OSÓRIO
Avenida General Osório...
Quem vem do Rio Grande o Sul observa um pedaço do centro de
Chapecó do alto dela. De intenso movimento de automóveis, caminhões e motos;
variado comércio e indústrias. Oficinas, garagens de automóveis, escritórios,
lojas e marcenarias compõem o universo estático da avenida. Paro na esquina
para ouvir o burburinho que dela emana: roncos, buzinas e freadas. Grandes
filas nos semáforos se formam; carretas pesadas afundam o asfalto. Fecho os
olhos em busca do passado, dessa mesma avenida nos anos de 1960.
Um imenso banhado interrompia ela onde é hoje o Celeiro
Itália. Do alto do barranco observava as saracuras que ali viviam, vivendo no
banhado com seus filhotes. Chão batido, pó e silêncio. A gurizada unida nas estrepolias.
Casas de madeira de lei na sua grande maioria. De alvenaria me lembro do
Armazém Palmeiras, da família Nicknich. Mas na avenida tinha futebol.
Na metade da descida, entre a Mal. Floriano com a Barão do
Rio Branco, logo depois de onde funcionava o Posto de Saúde, jogávamos futebol
no meio da rua, sem perigo algum, tendo os barrancos para proteger os costados
e evitar a fuga da bola. Depois mudamos nosso campo para os fundos da casa do
Bernardino da Luz. Tivemos também um campo de futebol em meio às samambaias, ao
lado casa do querido Welcy Canals, em frente onde se encontra hoje a Loja
Quero-Quero.
Depois fomos para a esquina da Marechal Bormann, onde é hoje
o Posto do Negretto. Os amigos da vizinhança todos se reuniam para pelejar. A
bola que naquele tempo era de couro mesmo, rolava e fazia nossa alegria diária.
Às vezes, alguns socos e tabefes rolavam também. Disputávamos jogos valendo
flâmulas ou pequenas taças.
Os objetos da vitória iam para guarda na casa do capitão do
time. De tempos em tempos ouvíamos o berrante tocar, o tropel do gado, poeira
no ar. Vindos do RS, os tropeiros vinham tocando os bovinos rumo ao Paraná.
Para ver melhor o gado passar subíamos num pequeno barranco. E a boiada cansada
seguia o seu caminho respirando a poeira vermelha.
Mas o bom mesmo era quando chovia; grandes valetas se
formavam e a água barrenta corria rápida. Então na baixada da hoje avenida,
juntávamos os sujos, todos de calções de pano e fazíamos açude com o barro que
era abundante, observados quase sempre pelos olhares atentos da família
Barella, que morava na esquina numa casa no alto.
Alegria pura de quem não tinha preocupações, mas muitos
sonhos.
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