segunda-feira, 14 de julho de 2014

Conta de luz tem aumento de até 17% e custo da crise no setor elétrico passa de R$ 50 bilhões



Se fosse necessário resumir ao máximo o principal problema da gestão econômica do governo Dilma, eu diria que é sua total desconfiança do funcionamento do mercado e uma completa arrogância na crença na capacidade de controlar toda a economia de cima para baixo. A “arrogância fatal” de que nos falava Hayek tem em Dilma e sua equipe exemplos perfeitos. E o caos no setor elétrico demonstra isso de forma cristalina.
A presidente Dilma decretou a queda das tarifas de eletricidade com muita fanfarra, usando as redes de televisão e rádio para anunciar seu “grande feito”. Como se bastasse “vontade política” para reduzir preços. Como se os preços não tivessem ligação alguma com as leis do mercado. Como se as empresas pudessem continuar investindo mesmo sem receita.
A realidade é muito diferente do mundo fantástico dos governantes do PT. Ela retorna como uma mola, cobrando juros e correção monetária pelo populismo autoritário praticado antes. O governo Dilma conseguiu desorganizar completamente o funcionamento do setor elétrico, e hoje precisa jogar a pesada conta para os ombros dos consumidores e pagadores de impostos. Duas reportagens publicadas hoje no GLOBO dão ideia do tamanho do prejuízo.
Na reportagem de capa do caderno de Economia, consta uma tabela com os aumentos previstos para cada operadora, que podem chegar a 17%. Tudo isso, naturalmente, irá impactar a inflação, que já está acima do teto da elevada meta nos últimos 12 meses:
Os consumidores brasileiros estão pagando um preço muito alto pela redução de 20% nas tarifas de energia elétrica feita pelo governo federal no ano passado. O desequilíbrio financeiro no setor provocado pelas medidas impostas para forçar a queda nas tarifas, somado à operação a plena carga das termelétricas em decorrência da forte estiagem, está batendo nas contas de luz, cujos reajustes já chegam a dois dígitos. De acordo com cálculos feitos pelas consultorias especializadas em energia Safira e Thymos, os aumentos médios nas contas de energia dos consumidores residenciais neste ano devem ficar entre 16% e 17%, o que praticamente anula a redução do ano passado. E em 2015 será pior: o reajuste ficará entre 21% e 25%.
Já outra reportagem, sobre estudo realizado pela CNI, mostra que o custo da crise no setor elétrico pode passar de R$ 50 bilhões:
Os custos de toda a desorganização no setor elétrico — depois da edição da medida provisória (MP) 579, de 2012, que tratou da renovação dos contratos de concessão de geração de energia, aliado à operação das térmicas — chegam a R$ 53,8 bilhões desde 2013. Desse total, R$ 35,3 bilhões serão pagos pelos consumidores de energia elétrica, nas suas contas de luz. Os outros R$ 18,5 bilhões serão pagos em impostos. Ou seja, por todos os contribuintes. 
Os problemas estruturais do setor derivam do excesso de presença estatal nele, uma vez que foram privatizadas na era FHC apenas algumas empresas distribuidoras e poucas geradoras, mas o grosso continuou sob o controle estatal. Um país com tanto potencial hídrico só poderia ter tantos problemas no setor elétrico por demasiada intervenção do estado mesmo, cuja incompetência como empresário é notória.
Mas os problemas conjunturais têm total ligação com as trapalhadas do governo Dilma, e essas, por sua vez, derivam diretamente dessa mentalidade desenvolvimentista arrogante que delega ao estado um poder clarividente de administrar a economia. Dilma, que foi ministra justamente desse setor, pensou que poderia simplesmente derrubar na marra as tarifas. Sua falta de visão foi total, demonstrando enorme incompetência. O resultado é o fracasso.
Na Copa do Mundo, nossa seleção fracassou feio também. Como resultado, o técnico Felipão Scolari acabou caindo, pois a CBF já aceitou hoje mesmo sua demissão. É o mínimo que se espera: a punição pelo fracasso. Já a presidente Dilma não admite fracasso algum, nem mesmo no importante setor elétrico, que ela supostamente conhecia como poucos. Mas ele está aí para todos enxergarem.
Resta saber se os eleitores vão punir tanta incompetência nas urnas, ou se vão cair na ladainha de que a própria Dilma representa a mudança desejada e necessária. Lembrando que a própria presidente Dilma já disse que seu governo é “padrão Felipão”, pergunto: você confiaria em Felipão para realizar as mudanças necessárias em nossa seleção derrotada e humilhada?
Rodrigo Constantino

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