quarta-feira, 23 de julho de 2014

Caio Blinder- Nos ares ucranianos (e de Gaza) III

São duas semanas de guerra e conhecemos o roteiro do filme. Israel exerce o seu inquestionável direito à autodefesa contra o terror do movimento islâmico Hamas em meio ao debate familiar sobre o uso desproporcional de força com suas operações militares em Gaza. Já o Hamas reforça o seu papel de resistente à “entidade sionista”, vestindo a camisa do Foguete Futebol Clube.  Em termos estratégicos, é um exercício de futilidade para ambos os lados, enquanto prossegue a contabilidade macabra.
Em Israel, o governo Netanyahu carece de um grande plano para lidar com a questão palestina, embora tenha galvanizado um justo senso de solidaridade nacional devido a um adversário meramente inescrupuloso como o Hamas. A ignomínia terrorista, porém, mais uma vez, é insuficiente para Israel vencer a guerra gobal de propaganda. Gente anestesiada diante do genocida Bashar Assad (nas ruas de Londres ou no bazar desta coluna) está apoplética com os “fascistas sionistas”.
A operação em Gaza é uma lance da tática periódica de Israel para “aparar a grama”, sem destruir a erva daninha que é o Hamas. O atual establishment israelense não está interessado em cultivar uma firme liderança palestina com a qual possa negociar. A fraqueza e as tergiversações do mais moderado Mahmoud Abbas são a desculpa para as tergiversações israelenses.
Distantes estão os tempos do brutal realismo de incontestáveis líderes israelenses. Yitzhak Rabin lembrava que a negociação é travada com o inimigo e em 1993 ele apertou a mão do terorrista Yasser Arafat. Na década seguinte, Ariel Sharon empreendeu a retirada unilateral de Gaza. Manter a ocupação do território tornara-se intolerável. Decisão correta, embora haja o atroz “custo Hamas”, com o grupo terrorista no poder em Gaza.
Já o Hamas, como eu disse, reforça o papel de resistente, mas está enfraquecido. O Hamas montou mais esta armadilha,  trazendo Israel para Gaza. O grupo, no entanto, não passa de um rato no sentido mais pejorativo do termo com seu jogo de vitimização, glorificando o uso de estudos humanos. Em termos estratégicos, o Hamas também está na ratoeira. Para uma população em Gaza cansada de guerra (e sem apreço por Israel), o Hamas tem a oferecer 600 mortos, quase quatro mil feridos e 120 mil refugiados, além das mortes de 30 israelenses.
Um cessar-fogo agora seria um atestado da derrota do Hamas. O martírio deve continuar por mais alguns dias, enquanto Israel apara a grama no jardim da futilidade. Vamos falar de Ucrânia?

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