quarta-feira, 25 de junho de 2014

A “elite branca” segundo os socialistas



A "ralé negra" que combate a "elite branca"
A “ralé negra” que combate a “elite branca”
O malabarismo semântico das esquerdas é realmente impressionante. Trata-se de um verdadeiro contorcionismo linguistico para justificar o injustificável. É o caso de Francisco Bosco em sua coluna de hoje no GLOBO. Bosco, não custa lembrar, é o mesmo que disse que “minoria” pode ser uma maioria numérica, pois seria uma “minoria social”. Desta vez o alvo foi o conceito de “elite branca”.
Abro um parêntese: há um método infalível de identificar um “petralha”. Basta verificar se ele se refere à presidente Dilma como “presidenta”, aderindo ao puxassaquismo oficial daqueles que preferem torturar nossa língua em vez de contrariar a Toda-Poderosa, que nunca foi uma boa “estudanta” (a menos que seja a fusão de estudante com anta). Bosco chama Dilma de “presidenta” logo no começo. Fecho o parêntese.
Volto ao conceito de “elite branca”. Segundo Bosco, pode despertar certa perplexidade em alguns o fato de muita gente branca e rica fazer coro na acusação contra a tal “elite branca”, puxada pelo ex-presidente Lula, ele mesmo um branco milionário. Marta Suplicy atacando a “elite branca”? Pode isso, Arnaldo? Sim, para Bosco é algo perfeitamente normal. Afinal, ela é petista…
Parece piada, e até é, mas de muito mau gosto. Após os truques rudimentares do colunista, descobrimos que tudo se resume ao seu discurso ideológico, à sua retórica política. É isso mesmo! Se você for podre de rico, juntar milhões de patrimônio de forma bem gananciosa, mantiver apartamentos luxuosos em Paris (alô, Chico Buarque!), morar em coberturas no Leblon (alô, Chico Buarque novamente!), mas defender a “justiça social”, assumir bandeiras “progressistas”, então você está livre da pecha de membro da sinistra (ou seria destra?) “elite branca”.
Bosco, para chegar ao ápice do absurdo, usa a cor branca aqui como uma cor “simbólica”. Ou seja, Marta Suplicy, mais branca do que bunda de dinamarquês, não é da “elite branca”, pois não possui a cor branca “simbólica”, já que é do PT, um partido de esquerda e, portanto, automaticamente preocupado com os mais pobres, segundo o tosco, digo, Bosco.
Mas Joaquim Barbosa, negão que veio da pobreza, pode muito bem ser um ícone, quiçá um líder da “elite branca”, pois ousou, pasmem!, fazer cumprir as leis e mandar para a Papuda os pobres coitados da “ralé negra” (devo supor que este seja o oposto de “elite branca”), como Dirceu e Genoíno, eles mesmos ricos e brancos. Coisa de burguês, claro!
Não estou inventando nada disso, por mais inverossímil que pareça. Bosco afirma exatamente isso: pertencer à “elite branca” tem tudo a ver com seu partido, não com sua cor, sua renda ou os círculos que você frequenta. Vejam com seus próprios olhos:
O que a expressão “elite branca” pretende caracterizar não é a situação excessiva ou relativamente privilegiada em que se encontra um grupo social, mas o modo como esse grupo se posiciona diante das desigualdades estruturais do país. Pertencem à “elite branca” aqueles que pensam e agem no sentido da manutenção dessas desigualdades e, consequentemente, de seus privilégios, atuando como um grupo dominador. Não pertencem a essa “elite branca” (que, portanto, é uma categoria mais política e moral do que econômica e fenotípica) aqueles que, situando-se em um grupo social privilegiado, pensam e agem no sentido do combate às desigualdades, renunciando a privilégios em benefício da justiça social.
Pensar e agir “no sentido do combate às desigualdades sociais”, que fique bem claro, significa, para Bosco, aderir ao socialismo, defender o PT, ou melhor!, o PSOL, enaltecer a ação dos black blocs criminosos (como Bosco já fez), atacar o capitalismo (no discurso, sempre no discurso), pregar mais impostos ainda, etc. Abrir mão de privilégios? Isso ainda está para nascer…
Não importa que, na prática, a esquerda socialista jamais tenha ajudado os mais pobres. Não importa o resultado concreto. Não vem ao caso o fato de que essa esquerda não possui um único exemplo de sucesso para mostrar em seu infame currículo (cem milhões de mortes inocentes pelo comunismo não contam como algo positivo, creio eu).
Vale o discurso, ponto final. É de esquerda, elogia Marcelo Freixo, aplaude o MST e os vândalos mascarados que depredam bancos e lojas contra o “sistema”, tudo isso enquanto se esbalda com os lucros capitalistas do mesmo sistema, então parabéns, você não é da “elite branca”, mas um ilustre membro da… esquerda caviar!
Bosco mereceria apenas ser ignorado, não fosse um retrato perfeito dessa distorção conceitual que a esquerda faz. Notem que o sujeito vai até o limite do ridículo ao dar um exemplo concreto do tipo de bandeira que é preciso defender para pular fora da “lista negra” da “elite branca”:
Fazem parte da “elite branca” todos os sujeitos de grupos sociais privilegiados que denunciam difusamente as desigualdades do Brasil mas repudiam qualquer ato político real que as combata; todos os sujeitos incapazes de pensar e agir coletivamente, sempre colocando em primeiro, senão único lugar as suas vantagens pessoais; todos os sujeitos que, para dar um exemplo entre inúmeros possíveis, não apoiaram a greve dos vigilantes, que reivindicavam um piso salarial de pouco mais de R$ 1 mil (e R$ 20 de vale-refeição), diante dos bilhões de reais que os bancos lucraram no ano passado.
É contra as greves que paralisam o país de forma oportunista, para beneficiar mais sindicalistas do que trabalhadores de verdade? Então é da “elite branca”, ora! Só há  redenção na esquerda radical, sindicalista, socialista, defensora do bolivarianismo, do modelo venezuelano. Fora isso, são todos uns insensíveis, egoístas, capitalistas selvagens! Chama-se “monopólio da virtude” essa tática manjada.
Minha maior indignação com essa perfídia toda é a destruição de um conceito nobre como “elite”. Pensemos em Tropa de Elite: seria algo ruim pertencer a ela? Mas após tantos anos de discurso raivoso das esquerdas, de disseminação de ódio, o conceito assumiu tom completamente pejorativo. Pertencer às elites seria algo terrível por esta ótica canhota.
Pois eu digo que a legítima elite, branca ou negra, é aquela que, como diria Ortega y Gasset, assume as rédeas da própria vida e o fardo de carregar nas costas responsabilidades, em vez de viver como uma “boia à deriva”, como massa amorfa incapaz de pensar por conta própria, dependente dos demais para tudo. São as elites que acabam determinando os rumos de uma sociedade.
Infelizmente, enquanto nossas “elites” forem covardes, dissimuladas, hipócritas, e preferirem os aplausos fáceis dos inocentes úteis ao resultado concreto de ações decentes, de gente que sustenta a importância da ética, da responsabilidade individual e da meritocracia, então não corremos mesmo “risco” de dar certo (para a felicidade dessas “elites” que exploram a ignorância e a miséria alheia).
Com membros da “elite” como Francisco Bosco, Chico Buarque, Wagner Moura, Marilena Chauí e tutti quanti, todos “extremamente” preocupados com os mais pobres, quem sabe não viramos logo uma Venezuela, ou mesmo Cuba, para a “alegria” geral dos mais pobres!
Rodrigo Constantino

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