“Minha família detesta o natal.” (Peru Clinton)
quarta-feira, 20 de dezembro de 2017
ERIATLOV
“Nosso país tem jeito? Sei não... Por aqui está assim de sujeitinhos graúdos que deveriam estar nas celas há anos, e estão por aí dando entrevistas e cuspindo petulância.” (Eriatlov)
LEÃO BOB
“Quando a fome é grande não tem jeito, precisamos apelar. Ontem peleei com um hipopótamo. Quase perdi o pelo.” (Leão Bob)
PUTIN 3
Putin: É muito cedo para decidir se eu vou correr para a reeleição em 2018. Mas não demasiado cedo para decidir os resultados.
PUTIN 2
-Acredito que o divórcio de Vladimir Putin foi amigável.
-Por que você acredita nisso?
- Ela ainda está viva.
-Por que você acredita nisso?
- Ela ainda está viva.
Fonte: Somebozo
PUTIN
O presidente russo, Vladimir Putin, foi nomeado para um prêmio Nobel
de Medicina por seu trabalho sobre a depressão clínica.
Aparentemente, ele pode prever quem vai cometer suicídio na próxima semana em Londres, apenas tirando o telefone do suporte.
Aparentemente, ele pode prever quem vai cometer suicídio na próxima semana em Londres, apenas tirando o telefone do suporte.
Fonte: In The News
REAL CARO
Frio de rachar. Fernando zanzando pelas ruas. Moeda de um real dando sopa na calçada. Abaixou-se para apanhá-la; resultado: rendeu as costas. Consulta: cento e cinquenta moedas de um real.
DIOMEDES
j(
As irmãs Ana e Anita brigavam pelo mesmo homem, o galã Diomedes. Ele avisou, elas não ouviram e continuaram brigando. Então no Dia dos Namorados ele fugiu com a sogra.
As irmãs Ana e Anita brigavam pelo mesmo homem, o galã Diomedes. Ele avisou, elas não ouviram e continuaram brigando. Então no Dia dos Namorados ele fugiu com a sogra.
PARAÍSO
O menino Célio estava morrendo de uma doença rara, tinha ele apenas sete anos e não havia mais esperança de melhora. Num sonho apareceu um anjo e disse que ficasse tranquilo que após morrer iria morar no paraíso verde-amarelo onde tudo era maravilhoso. No dia 15 de novembro de 1915 Célio se foi. Chegando ao tal paraíso verde-amarelo a primeira coisa que disse foi:
“ Anjo mentiroso, paraíso? Isso aqui fede!”
OLAVO
Olavo sempre descontente, nojento, bufando infeliz pelos cantos, bebendo e jogando. Com trinta e cinco anos ainda não havia se encontrado; lugar algum era o seu lugar, todos eram um lixo. Nada estava bom, azedume para dar e vender. Finalmente aos quarenta anos ele se encontrou, porém não deu certo, pois seu eu também já não era o mesmo. Acabou em suicídio.
GRAÇA ALCANÇADA
O pobre homem atravessou florestas, enfrentou desertos, venceu rios e subiu montanhas para encontrar, no cume da maior delas, o símbolo das madeiras cruzadas, tido como milagroso. Foi até lá para pedir graças e curar-se de doença terrível. Ajoelhou-se diante daquela cruz, enquanto o vento zunia e mexia no solo, pedregulhos frouxos. Pois aconteceu que o pau podre das madeiras cruzadas sucumbiu ao vento e, quebrando caiu sobre o homem tirando sua vida. Graça alcançada.
HERBERT E A MORTE
Herbert era um grande mágico. Tão bom que por mais de uma centena de oportunidades enganou a morte quando ela veio para buscá-lo. Foram tantas vezes que a morte desistiu de levá-lo, cansou-se. Desde então Herbert vaga pelo mundo sem descanso. Aquilo que poderia ao olhar superficial ser uma dádiva, tornou-se um fardo duro de carregar. Herbert ainda vaga por aí, saturado da vida, esperando que a morte reconsidere.
CONTRA A VIOLÊNCIA
Sinésio era um homem revoltado com a violência, principalmente gratuita. Escrevia até artigos para um jornal local. Faz pouco se desentendeu com um vizinho por causa de duas folhas caídas no seu quintal. Matou o vizinho a tiros. Deve ter sido pela causa, ora pois.
ADEUS MUNDO CRUEL
Mauro não era propriamente um homem a quem podemos emblemar de bem com a vida. Casamentos desfeitos, bons empregos perdidos, duas sociedades em que fora passado para trás. Naquele dia saíra para procurar emprego e voltando para casa sem nenhuma novidade encontrou ela vazia. A mulher partira levando a mobília também. Ele foi então até o banheiro, levantou a tampa do vaso e se atirou dentro. Espremeu-se bem e com muito esforço conseguiu puxar a cordinha da descarga. Adeus mundo cruel!
ACONTECEU EM CUBA
No silêncio do cemitério ouviram-se gritos: tirem-nos daqui! Tirem-nos daqui!- O vigia passou a procurar de onde vinham e demorou um bocado para localizar. Descobriu que era do túmulo de um feroz dirigente comunista cubano que os gritos provinham. Rapidamente tirou a tampa do caixão e para sua surpresa uma enormidade de vermes pularam fora do esquife pedindo educadamente um lugar para vomitar.
ROMEU
Romeu vivia para ver o tempo passar. Era o tal operário-perdão. Perdão por não fazer absolutamente nada. Para sua infelicidade o destino foi cruel até demais. Morreu quando o relógio da igreja matriz caiu na sua cabeça, enquanto estava parado nas escadarias observando o movimento da rua e deixando como sempre o tempo passar.
APRESENTAÇÃO
O auditório estava lotado de homens de semblantes sérios, todos elegantemente vestidos, nenhum sem paletó e gravata. Bach deslizava pelas paredes e fazia sorrir àqueles corações que amavam a boa música. O ar que se respirava no ambiente era o odor das boas virtudes, a paz interior que somente homens sem débito com Deus podem realmente expressar. Silêncio total quando Madame Junot subiu ao palco para mostrar a tão seleta e educada plateia as novas moçoilas do seu bordel de luxo.
O TORNADO
Naquela tarde o céu ficou escuro. Um enorme tornado
chegou à cidade e não destruiu nada, apenas foi recolhendo pessoas. Levava mil
para dentro do turbilhão e deixava uma, coisa inacreditável. Ia e retornava sem
parar. Eu estava na rua conversando com um amigo quando ele se aproximou de
nós. Não adiantava correr, então ficamos aguardando os acontecimentos.
-O que será isso?-perguntou o amigo.
-Não tenho noção nenhuma- Foi o que respondi.
Aí apareceu um terceiro dizendo:
-Eu sei o que é! É um castigo de Deus e está
levando os homens pecadores para o inferno!
O tornado retornou, apanhou mais um dono da verdade
ele sumiu nas alturas. Ficamos atônitos e fomos para casa. Após alguns dias
descobrimos que o tornado levou embora todos os que tinham apenas certezas e deixando
aqui na terra os homens cheios de dúvidas.
MULA SEM CABEÇA
Após vinte anos de pesquisas em todo o território brasileiro o professor Martin Roney chegou à conclusão que não existe mula-sem-cabeça. Mas salientou que existem os socialistas, o que vem ser a mesma coisa.
DEPUTADO ARNALDO COMISSÃO
“Sempre fui meio ladrãozinho. E não culpo os outros por isso. É coisa que está no sangue.” (Dep. Arnaldo Comissão)
CLIMÉRIO
"Com o calorão que anda fazendo só danço no familiar Bailão dos Pelados. A mulherada toda de calcinha no rego e de sutiã de papel celofane." (Climério)
terça-feira, 19 de dezembro de 2017
SEM PAPO
O caixeiro viajante Gregório chegou a Plantk, uma cidade estranha quase no fim do mundo, pois ninguém ali abria diálogo com ele, apenas monossílabos. Abastecendo seu automóvel observou pela primeira vez que todos tinham alguma deficiência física. Sem orelhas; sem queixos; sem mãos; sem braços; sem pernas; mancos; cegos; estrábicos e outros. Não tentou vender nada, já que o povo não queria papo com gente estranha decidiu seguir em frente. Na saída viu um senhor corcunda capinando a beira da estrada e decidiu arriscar: “Boa tarde! O senhor poderia me dizer por que o povo da cidade evitou falar comigo?” O homem um pouco receoso respondeu em tom baixo: “É que o senhor não é normal. Assusta um pouco.” Então se afastou e continuou a capinar.
DONA MAYSA
Chico Melancia ouviu falar que Dona Maysa tinha mãos mágicas, curava enfermidades, inclusive psicológicas. A consulta era trinta reais, uma pechincha para quem sofria, pois diziam pelas ruas que era cura na certa. Chico não tinha problemas de saúde, e os familiares estranharam quando ele pediu à irmã que obtivesse uma vaga para ele. No dia e hora aprazado o cliente entrou na sala da quase santa e foi direto com ela: “Dona Maysa, paguei a consulta, porém não tenho nada, meu problema é dinheiro”. Então sacou do bolso um volante da mega e pediu para ela marcar os seis números.
O ENJOADO
Morador da Vila Zulu, Paulinho chega da escola e pede uma laranja. A mãe:
-Não temos laranja!
-Mamão?
-Não temos!
-Presunto tem?
-Não!
-Mortadela?
-Também não!
-Pão?
-Não!
-Arroz?
-Não!
-Salame?
-Não!
-Bolachas?
-Não!
-Pão seco?
-Neca!
-Não temos nada para comer nesta casa?
-Temos sim! Você é que é enjoado! No forno temos
lagosta ao molho branco, bobó de camarão e costeletas de carneiro ao molho de
tomate. Na fruteira há tâmaras, damascos, abricós e um pouco de chokecherry. Na
despensa há Caviar Almas e outros. Por favor, largue mão de enjoamentos!
O PORCO DO MATO
O porco do mato conseguiu fugir dos caçadores não sem antes levar um tiro. Em disparada fuga foi perdendo sangue até cair enfraquecido numa clareira. Os urubus começaram o reconhecimento de preparação para o almoço. O porquinho olhava para o céu e na mente antecipava seu final melancólico. Mas prometera para seu pai que lutaria até o fim em qualquer circunstância e foi o que fez. Na porta do último suspiro engoliu uma boa dose de estricnina e partiu da vida, não sem antes dar um pequeno sorriso carregado de sarcasmo.
MONTANHA
Jessé era instigado sempre pelos familiares para ir até a montanha aos domingos. Tranquilo, equilibrado, nunca foi, não estava interessado. Um dia bateram à sua porta. Atendeu. Era a montanha de terno e gravata com uma bíblia nas mãos querendo tirar seu sossego.
SANGUESSUGAS
“O socialismo não morre porque a canalha da utopia delirante precisa de um estado para sugar.” (Eriatlov)
TETA
“A teta do estado não dá mais conta de dar leite para tantos terneiros. E a fila dos que estão de beiço pronto para entrar é grande.” (Eriatlov)
GENTILEZA
“A gentileza deve ser usada para os bons e pacíficos. Para os brutos e maus o melhor bom dia é o cassetete.” (Eriatlov)
APRENDIZADO
“O Brasil é um país que para dar certo ainda precisa errar muito. O aprendizado será longo.” (Eriatlov)
COMPLETINHA
“Gleisi Hoffmann completou o curso de graduação com Dilma e Lula com mérito. Podemos dizer que já é uma completa anta.” (Eriatlov)
OH, LIBERDADE!
“Na Correia do Norte, em Cuba e também na Venezuela todos são livres para falar bem dos seus governos.” (Eriatlov)
PAPAI NOEL
“O povo ainda acredita em governo Papai Noel. A verdade é que quanto maior for o saco dele menor será o nosso.” (Eriatlov)
segunda-feira, 18 de dezembro de 2017
DEIXA COMIGO!
Barata, bicho nojento, asqueroso, filho da imundície, neto da dona lixo, pulga encravada nos pés do demônio. Barata que anda pelos esgotos, pelas paredes da casa, procurando migalhas e motivando caçadas. Apareceu na vista é feito um alvoroço, pega que pega, é veneno, chinelo e tudo mais. Observando a correria num cantinho no marco da porta, lixando unhas e olhando de soslaio, uma bela e robusta lagartixa berra: “Deixa comigo!”
SOLITÁRIO
Rinaldo era um solitário que conversava consigo mesmo. Parou quando descobriu que seu interlocutor era surdo.
O CAMELO ANSELMO
O homem santo disse: “É mais fácil um camelo passar no buraco de uma agulha que um rico entrar no reino dos céus. Pois o teimoso camelo Anselmo tentou, tentou e não conseguiu passar no buraco da agulha. Furioso mandou o homem santo à merda e que fizesse bom proveito da agulha costurando uma nádega na outra.
TRAÇA
Havia uma traça de meia idade ainda solteira e já cansada de viver só. Certa manhã acordou bem disposta e determinada como nunca; pegou uma caneta e fez um traço. Pronto, arranjou um marido.
QUEM ROUBOU?
Leonardo Andrade guardou seu milhão de dólares num cofre seguro. Quando após um mês abriu o cofre para verificar não havia mais dinheiro. Roubo? Quem roubou e como? Ninguém mais entrou na casa, somente ele sabia a combinação. Vieram os peritos e não conseguiram uma explicação. Chamaram então o professor Luxemburgo que tinha explicação para tudo. Então examinando o interior com sua lupa ele descobriu num cantinho escuro do cofre o bichinho comedor de dinheiro de barriguinha estufada arrotando verdinhas.
ANASTÁCIO E SATANÁS
Anastácio é muito forte, corajoso e adúltero. Na verdade mais forte que adúltero. Certa noite ao se levantar para ir ao banheiro foi interceptado no corredor pelo próprio Satanás, cuspindo fogo e dizendo com sua voz quente e rouca que veio buscá-lo. Anastácio deu-lhe um tranco e levou o dito até a cozinha. Lá tapou a boca do maldito com fita adesiva, colocou rolhas nas narinas e ouvidos. E para completar o serviço enfiou na bunda do safado uma espiga de milho. E perguntou para ele rindo: “E agora, cabron vermelho, vais soltar labaredas por onde?
O DEFUNTO INDIGNADO
Morreu D. Inácio Gomes. Velório grande na comunidade. Coroas de flores de lotar estádio de futebol. Mas acontece que os Gomes não gostam dos Fagundes nem perto, nem longe, coisa centenária. Pois não é que até os Fagundes vieram prestar condolências ao falecido? Diante de tal afronta o defunto pulou do caixão e de dedo em riste disse: “Se é para ser velado até pelos Fagundes, eu não morro mais!”- E dito isso saiu porta afora esbravejando contra tudo e todos.
SÍLVIO
O pensamento em fogo de altas labaredas. O vento forte, o mar revolto, sentado na ponta do trapiche um Sílvio sem forças. Suas lágrimas misturadas ao sal, o frio que doía bem menos que o tridente cravado em seu coração. Sem rumo, sem foco, sem nada, esperando o tempo ficar velho. Então acobertada por uma chuva formidável, veio navegando sobre uma onda brava uma bela sereia. Toda cheia de encanto e ternura carregou Sílvio em seus braços mar adentro, levando ele para o recanto da eterna mansidão.
CARLOS ROBERTO
Violento e machista, Carlos Roberto jamais conseguiu manter um relacionamento. Todos de curta duração, pois o homem é intragável. Na semana passada após a última surra sua mulher-inflável também pediu o divórcio.
ESQUECIDO
Guilherme é um sujeito muito esquecido. Esquece coisas nos lugares mais impróprios e jamais se lembra de ir buscá-los. Ontem fez doze anos que deixou a mulher na casa da sogra.
DONA MEIGA
Filha de Bastião Louco e Eldorina, Dona Meiga nasceu e viveu por mais setenta anos em Barra do Sarapião. Teve uma infância normal entre algumas dezenas de cadáveres de amigos do pai. Adulta, um doce era Dona Meiga. Vivia da lavoura e nas horas de folga matava alguns conterrâneos em troco de uns cobres. Não judiava é verdade, somente matava a tiros como manda o bom figurino. Mas era na matança muito delicada e deveras tão gentil que alguns até agradeciam por estar entrando pra bala.
DO BAÚ DO JANER CRISTALDO- domingo, fevereiro 24, 2008 SOBRE MEU DOMINGO
Aos sábados e domingos, minha rotina começa em um dos botecos de meu bairro, o Prainha. Simpático, quase um clubinho, não tem nada demais. Mas sempre há um bom chope e uma boa caipira. Dedico uma ou duas horas à leitura de imprensa de fim de semana, que sempre é mais farta que a imprensa da semana. São os únicos dias em que uso celular. Permaneço em estado randômico, à espera de com quem vou almoçar.
Bueno, estava hoje eu em meu boteco, já havia lido o Estadão e começava a folhear a Veja, cuja capa é um dos grandes momentos do jornalismo nacional: sob a silhueta de Fidel, a manchete: JÁ VAI TARDE.
Tarde mesmo. Foi quando fui abordado por uma pesquisadora.
- Você leu o Estadão?
- Li.
- Achou eficaz a publicidade das casas Bahia?
Que casas Bahia? Eu não havia visto nada. Ela abriu meu jornal. Só no primeiro caderno havia cinco páginas com anúncios de cinco colunas das ditas casas. Juro: eu não havia visto nenhum.
- O que você achou do anúncio do novo Subaru?
Que Subaru? Alguma nova espécie de sanduíche? Seja como for, eu não achava nada porque nada havia visto. Ela abriu de novo o jornal. Havia anúncio de página inteira. Fiquei então sabendo que se tratava de um carro. Ela continuou me interrogando, entre outras coisas sobre a CVC, uma agência de turismo. Tinha anúncio de página inteira, mas eu também não o havia visto. Em todo caso, a CVC eu sabia o que era. Faz turismo de massa, junta em pacotes essa brasileirada infame com espírito de rebanho e os joga em cruzeiros animados pelo Roberto Carlos ou similares. Sim, a CVC eu conheço – respondi –. Tanto que jamais viajarei por ela.
Não vejo publicidade em jornais. Nem na Internet. Não é que não queira ver. É que não vejo mesmo. É como se os anúncios permanecessem em um ponto cego de minha visão. Todo o dinheiro que as empresas investem em publicidade, pelo menos no que a mim diz respeito, é dinheiro jogado fora. Par contre, certos pequenos detalhes de uma reportagem me atingem com força.
Por exemplo, um artigo de Sérgio Augusto sobre o Kosovo. Sempre leio todos os cronistas de um jornal, e particularmente os medíocres. Do Sérgio Augusto, sempre desconfiei de sua erudição arrogante. Como também sempre desconfiei dos jornalistas que assassinam ou mutilam o pronome reflexivo. Até já pensei em criar uma Associação de Defesa do Pronome Reflexivo. Lá pelas tantas, o articulista brande um estranho conceito, que jamais consegui entender, o conceito de albaneses étnicos. Ora, que pode ser um albanês étnico? Albanês não é uma nacionalidade? Nunca me constou que os albaneses constituíssem uma etnia. Mesmo se assim fosse, que distinguiria os tais de albaneses étnicos dos demais albaneses?
Desconfio que o articulista esteja pretendendo referir-se aos albaneses muçulmanos. O que ocorreu nos Bálcãs – e está ocorrendo agora no Kosovo – no fundo foi uma guerra entre católicos, católicos ortodoxos e muçulmanos. Em Mitrovica, o rio Ibar não separa exatamente sérvios e albaneses. Mas católicos ortodoxos e muçulmanos. Isso de albanês étnico é eufemismo ditado pelo políticamente correto.
Mas a máscara do erudito articulista cai mesmo é mais adiante. É quando escreve: “Meses depois, Gelbard confraternizava-se com líderes do Elk”. Ora, que uma cronista social escreva “confraternizava-se”, até que entendo. Cronistas sociais são uma praga do jornalismo e geralmente recrutados entre semi-analfabetos. Que um jovenzinho oriundo da ECA assim maltrate o pronome reflexivo, também entendo. Nos cursos de jornalismo hoje ideologia tem preponderância sobre a gramática. O que não se entende é como um velho jornalista – da época em que ainda se escrevia corretamente – grafe “confratenizava-se”.
Os anúncios de página inteira dos jornais, nem os enxergo. Mas uma flexão destas me fere na alma. Na página seguinte, numa reportagem de Flávia Guerra sobre uma escritora iraniana, esta barbaridade que aos céus clama justiça: “Ela devia usar roupas que jamais marcassem o quadril e o hijab (o véu sagrado que zela pelo recato das mulheres muçulmanas)”.
Sim, o hijab pode zelar pelo recato das mulheres muçulmanas. Mas das muçulmanas árabes. E Marjane Satrapi, a escritora em questão, é persa. Persas não usam hijab. Persas usam chador.
Fosse eu editor, jornalistas que grafam “confraternizava-se” ou que atribuem o hijab às iranianas, primeiro receberiam uma advertência. Em caso de reincidência, olho da rua.
DO BAÚ DO JANER CRISTALDO- ASTRÓLOGO LOUVA MALAFAIA- sexta-feira, fevereiro 29, 2008
Do leitor Darke Mayer Goulart recebo:
Janer, essa eu precisava compartilhar, no melhor espírito cristão. Não sei se tu conheces um pastor televisivo chamado Silas Malafaias. Acho que ele é da Assembléia de Deus, pelo que achei via Google (portanto, concorrente do Edir Macedo e do R.R. Soares, os outros "chefões" do evangelho televisivo no Brasil). Ele segue a agenda evangelica tradicional: pedir dinheiro, orar, pedir dinheiro, condenar o homossexualismo, pedir dinheiro, exorcizar o Diabo, pedir dinheiro e, quando volta do intervalo, pedir mais dinheiro. Aleluia.
Pues não é que o nosso amigo Astrólogo e Arauto do Foro de São Paulo é um admirador do "trabalho" do bom Silas? Ele o confessou num dos seus talk shows (acho que de janeiro), que por falar nisso é uma das coisas mais engraçadas atualmente disponíveis na internet. Uma mistura de aula esotérica, análises políticas e aula de catequese, tudo regado a palavrões a la Alborghetti. Ele disse que conhecia o trabalho do Malafaias e o achava "muito importante", "um trabalho belíssimo". Pelo visto, o Walter Mercado de Bananópolis já anda estudando como garantir a aposentadoria através do trabalho "muito importante" de extorquir dinheiro abusando da fé popular em cadeia nacional. Sei lá, daqui a pouco ele começa a pedir doações em nome de Jesus no talk show dele... aguardemos para ver.
PS: Olavo é mesmo uma figura. Ele acha que as pessoas têm preconceito contra a "maneira de falar" dele, que se ele fosse mais educadinho iriam dar ouvidos às bobagens dele. Ora, ele diz: "não tenha a menor dúvida de que o Diabo é uma figura real e presente no nosso mundo", e ainda quer que alguém o leve a sério? Para ele não ter a menor dúvida de que o Diabo é uma entidade real e presente no nosso mundo, ele deveria ter "arquievidências" disso, mas até hoje tudo o que ele apresentou foram as teorias conspiratórias de sempre, que são melhor explicadas pela boa e velha estupidez humana do que por entidades cósmicas malignas. Acho que é "arquievidente" que o Olavo andou lendo Eric Voegelin demais e acreditou em cada palavra do paranóico germano-americano.
Janer, essa eu precisava compartilhar, no melhor espírito cristão. Não sei se tu conheces um pastor televisivo chamado Silas Malafaias. Acho que ele é da Assembléia de Deus, pelo que achei via Google (portanto, concorrente do Edir Macedo e do R.R. Soares, os outros "chefões" do evangelho televisivo no Brasil). Ele segue a agenda evangelica tradicional: pedir dinheiro, orar, pedir dinheiro, condenar o homossexualismo, pedir dinheiro, exorcizar o Diabo, pedir dinheiro e, quando volta do intervalo, pedir mais dinheiro. Aleluia.
Pues não é que o nosso amigo Astrólogo e Arauto do Foro de São Paulo é um admirador do "trabalho" do bom Silas? Ele o confessou num dos seus talk shows (acho que de janeiro), que por falar nisso é uma das coisas mais engraçadas atualmente disponíveis na internet. Uma mistura de aula esotérica, análises políticas e aula de catequese, tudo regado a palavrões a la Alborghetti. Ele disse que conhecia o trabalho do Malafaias e o achava "muito importante", "um trabalho belíssimo". Pelo visto, o Walter Mercado de Bananópolis já anda estudando como garantir a aposentadoria através do trabalho "muito importante" de extorquir dinheiro abusando da fé popular em cadeia nacional. Sei lá, daqui a pouco ele começa a pedir doações em nome de Jesus no talk show dele... aguardemos para ver.
PS: Olavo é mesmo uma figura. Ele acha que as pessoas têm preconceito contra a "maneira de falar" dele, que se ele fosse mais educadinho iriam dar ouvidos às bobagens dele. Ora, ele diz: "não tenha a menor dúvida de que o Diabo é uma figura real e presente no nosso mundo", e ainda quer que alguém o leve a sério? Para ele não ter a menor dúvida de que o Diabo é uma entidade real e presente no nosso mundo, ele deveria ter "arquievidências" disso, mas até hoje tudo o que ele apresentou foram as teorias conspiratórias de sempre, que são melhor explicadas pela boa e velha estupidez humana do que por entidades cósmicas malignas. Acho que é "arquievidente" que o Olavo andou lendo Eric Voegelin demais e acreditou em cada palavra do paranóico germano-americano.
domingo, 17 de dezembro de 2017
EVO EVIL
“Evo Morales é mais um guampa comunista que deseja se perpetuar no poder. O entendimento do que seja democracia desses comunistas é risível.” (Eriatlov)
sábado, 16 de dezembro de 2017
O VELHO JOSÉ
O velho José já passando dos setenta ficava em frente de casa vendo o movimento da rua. Viúvo e sem filhos, ali ficava para passar o tempo. E os dias foram se passando, os meses, os anos, e o velho José ali olhando o movimento sentado na sua cadeira de palha. Os vizinhos foram morrendo de velhice, casas demolidas e o seu José por ali observando o movimento. Com os anos chegaram os edifícios e novos vizinhos que desconheciam o idoso seu José, coisa de cidade grande e correria maluca. Talvez por isso foi que demorou alguns anos para descobrirem o esqueleto do seu José sentado na sua cadeira, cigarro entre os dentes de sua caveira, ainda contando os automóveis que passavam pela rua.
OVNI
Não fazia muito que Romualdo e Natália conversavam na varanda. Observavam o céu estrelado, a bela lua que dominava o firmamento quando notaram um objeto luminoso e colorido que se aproximava da casa. Uma tremedeira tomou conta deles. Pensamentos horripilantes vieram à mente do casal, tirados dos filmes do gênero em que seres humanos são abduzidos e tratados como cobaias. O objeto voador prateado e cheio de luzes pousou no terreno em frente e uma portinhola se abriu. Uma pequena mão espalmada se mostrou e uma voz feminina foi ouvida: Por favor! Vocês podem me emprestar alguns absorventes?
A PIOR TEMPESTADE ESTAVA POR VIR
O céu ficou escuro e houve uma sensação de pânico geral. As nuvens ruidosas pareciam cair sobre as casas. Ventos enfurecidos revoltavam as melenas cobertas de poeira e faziam arder os olhos. Pequenos galhos e folhas já corriam pelas ruas sem lugar para ficar. Placas publicitárias de pernas fortes voavam como penas. As gentes fechavam suas casas, cães e gatos eram recolhidos para lugares abrigados. Apressei o passo para chegar logo em casa e fugir das nuvens ameaçadoras. Algumas lesmas pegaram carona em pneus de bicicletas, enquanto outras eram rápidas em seus patinetes. Entrei em casa a tempo de observar pela janela o mandatário- mor da cidade passar voando em sua cadeira de trabalho. A secretária sentada em seu colo fazia anotações e ajeitava os cabelos negros. Não muito distante dali a primeira-dama já sabendo do fato, visto por centenas de olhos da comunidade, tirava do baú um chicote de três tentos e dava lustro num cassetete de aroeira.
O QUE É O ESTUDO
Cléber ordenhava vacas, elas não gostavam, pois ele tinha mãos ásperas. Quando ele chegava perto elas ficavam inquietas. Suas mãos duras machucavam os mamilos das amigas. O patrão observou a situação e então comprou luvas para ele e o problema foi resolvido. Cléber também tinha seguidamente arranhados no pênis. Nunca mais os teve. Olhava para a caixa de luvas sobre o armário e dizia para si: “Veja só o que é o estudo.”
sexta-feira, 15 de dezembro de 2017
O HOMEM VERDE
Paulo ouviu uns barulhos estranhos vindo quarto da sua irmã e resolveu olhar pelo buraco da fechadura. Viu lá dentro ela amassando e beijando de língua um homem verde. Correu chamar os pais para ver. Quando eles chegaram os amassos continuavam, mas agora num homem amarelo. O sujeito havia amadurecido e a família não achou nenhuma graça.
ESCURIDÃO
Rildo abriu uma porta dentro de um barracão abandonado na região do porto de Santos e caiu num lugar escuro abarrotado de entulhos, onde transitavam fantasmas; espíritos maus; pensamentos torpes e anacrônicos; superstições das mais diversas; milagres; astrólogos e videntes. Estar naquele lugar dava a impressão de carregar um pesado fardo nas costas, além da visão prejudicada e da mente confusa. Conseguiu achar o celular que havia perdido na queda e iluminando o ambiente observou uma placa que dizia- HABITAT DA MAMA IGNORÂNCIA. Ágil como um gato, Rildo saiu depressa daquele lugar para a luz do sol enquanto ouvia ao longe louvores a um ente imaginário.
LAÇANDO O VENTO
Raimundo e Anselmo, por sinal mui valentões e corajosos, decidiram agora na sexta de carnaval que iriam laçar o vento. Foram ao campo nos pampas munidos do melhor em corda e laço, também reforços nos punhos. Pois quando o dito arreganhou-se foram para cima dele. Não deu outra: Raimundo foi encontrado congelado no Everest e Anselmo caminhando sem rumo na Nova Zelândia.
JOÃO BABA
Jurunupanu, nordeste seco. Poeira dos infernos. Árvores secas, animais mortos de sede e água para o povo somente de caminhão pipa. Então o prefeito Óvide ouviu falar de tal João Baba que morava na região das pedras amarelas, um desperdício. Trouxe o homem com um emprego bem remunerado na prefeitura para o setor de recursos hídricos. Pois deu certo. Em seis meses João Baba babou tanto que se formaram três rios e um lago do tamanho do Titicaca. O melhor de tudo é ninguém mais passou sede em Jurunupanu, nem gente, nem animal e o verde tomou conta. Até uma praia de água doce ganharam. Quando houve ameaça de enchente compraram um babador para João e tudo se resolveu.
A QUERMESSE DOS SAPOS
Domingo de quermesse no Reino dos Sapos. Pais e filhos sapos, famílias reunidas sapeando num belo dia de sol, boa música, petiscos diversos, tudo na maior harmonia e respeito. A maioria das famílias estava na lagoa e só uma pequena parte brincava na relva. Porém no meio da tarde o sol sumiu e apareceu no local o popular Sapo Barbudo e a turma da conversa mole. Os pais responsáveis recolheram seus filhos, juntaram seus pertences e foram para suas casas. Então da quermesse tomou conta o Sapo Barbudo e a turma da conversa mole, além de alguns costumeiros bajuladores de mente estreita e de moral duvidosa. Ficou bem claro a todos que os sapos de bem detestam a laia do Sapo Barbudo.
SETEMBRINO
Setembrino morreu no manicômio aos sessenta anos. Após sua morte os médicos especialistas o desmontaram para estudá-lo, mas não conseguiram juntá-lo novamente. Então ficou claro para todos que era verdade o que diziam dele: Setembrino tinha realmente um parafuso a menos.
AZAR
Sou um grande visualizador de calcinhas rendadas e simples; de coxas belas se lisas; de bundas firmes e salientes; de pernas torneadas de brancas, negras, mulatas e morenas. De algumas consigo até visualizar os pelos sedosos que teimam em escapar do tecido delicado. Vejo tantas coisas maravilhosas e, no entanto, não posso tocá-las e nem mesmo sentir o perfume que delas emana. A vida é assim; tive azar e nasci um mero capacho para porta de salão de beleza.
BARRABÁS NA CRUZ
O ladrão Barrabás não se importava de ser crucificado, estava nem aí. Sua dor maior era estar pregado naquele calorão dos diabos, com um chato ao seu lado e não poder chupar nem um picolé ou beber uma mineral com gás.
BEIJO DE LÍNGUA
Saí aos pulos da minha casa felpuda, pois ouvi um grito de socorro rouco vindo do banheiro. Fui procurar para ver o que acontecia e num canto encontrei uma barata que envenenada, agonizava. Fui ter com ela e disse-lhe: ‘Não tem jeito amiga, para você não há volta, faça o seu último pedido. Então gaguejou ela: ‘Um beijo de língua, um beijo de língua... - Puta que pariu barata morra logo! Saí de fininho antes que meu mole coração fizesse uma besteira da qual iria me arrepender para o resto da vida.
Pulga Lurdes
DÍZIMO
“Falando sério, não acredito em nada sobrenatural. Mas saliento que satanistas não pagam dízimo.” (Pócrates)
FÉ
“Para alguns líderes religiosos a fé remove montanhas de dívidas e ainda sobra algum extra.” (Pócrates)
MENTIROSO
“A primeira coisa que um mentiroso faz ao ser pego é prometer nunca mais mentir. Já recomeça aí.” (Pócrates)
SEM VOLTA
“Segundo matemáticos mais de cento e vinte e cinco bilhões de pessoas já passaram pelo planeta. Agora pergunto se algum voltou.” (Pócrates)
MULHERES
“Algumas mulheres ganham da natureza extrema beleza. Já outras são premiadas com línguas enormes.” (Pócrates)
O MAIOR CRIME
“O maior crime do sucesso é afrontar os frustrados que sempre viveram do estado ou de seus tentáculos. O sucesso é um tapa na cara. Só resta aos medíocres socialistas unir-se contra quem sabe fazer honestamente bem feito.” (Eriatlov)
NA LOJA DE BEBIDAS
Um
uísque Passport puxa conversa com uma Caninha 51.
-E aí irmã, quente não?
-Não
sou sua irmã!
-Como
não?
-Você
é uísque, eu sou cachaça.
-Então
não somos irmãos?
-Não.
-Melhor
assim.
-Melhor
por quê?
-Não
sendo irmãos podemos namorar.
-Sai
fora,! Não gosto de estrangeiros. Ainda
mais se vier com gelo.
-Preconceituosa
então, só me faltava essa.
-Sou
mesmo assim.
-Nem
uma bitoquinha?
-Sem
chance.
-Magoei.
Tomara que você caia dessa prateleira e se quebre toda!
-É
praga é? Então tomara que gelem você com gelo de xixi.
E
daquele dia em diante não mais se falaram. Ela não caiu da prateleira e foi
vendida para um churrasqueiro. Ele foi gelado com cubos de água de coco e
desapareceu feliz.
MATILDE
Mesa de bar. A fumaça dos cigarros deixa o ambiente sombrio. Baralho, tagarelas em ação, a língua se solta. Envolvido pela embriaguez o verme abre sua caixa de segredos para companheiros de aguardente. Conta à história da esposa Matilde que há anos foi embora, mas que na verdade não foi, tranco na cabeça, jaz enterrada num lugar ermo. Todos riem, acham brincadeira, mas um deles leva a sério. No dia seguinte ele conta o segredo para um amigo, que também tem um amigo policial e antes da seis da tarde o crápula já estava encarcerado contando tudo. Oito anos se passaram do fato, os timbós verdejantes balançam ao vento, máquinas em ação, cavouca aqui e ali, então quase desaparece o timbozal, tantos buracos na paisagem. Uma multidão acompanha e aguarda. No segundo dia surgem ossos, um vestido vermelho e uma sandália de couro cru. Matilde ali posta, Matilde morta, Matilde agora ossos e pó finalmente terá sua justiça.
DEUS E PEDRO
Deus pergunta
para São Pedro:
-Já leu a
Bíblia Pedro?
-Ainda não. Na verdade não gosto de ficção.
CHICO MELANCIA
“Meu corpo não reage e a preguiça que tenho está cada vez mais ativa.” (Chico Melancia)
quinta-feira, 14 de dezembro de 2017
Por que não sou Cristão: um exame da ideia divina e do cristianismo- Bertrand Russell
O argumento da lei natural
Há, a seguir, um argumento muito comum relativo à lei natural. Foi esse argumento predileto durante todo o século XVIII, principalmente devido à influência de Sir Isaac Newton e de sua cosmogonia. As pessoas observavam os planetas girar em torno do Sol segundo a lei da gravitação e pensavam que Deus dera uma ordem a tais planetas para que se movessem de modo particular — e que era por isso que eles assim o faziam. Essa era, certamente, uma explicação simples e conveniente, que lhes poupava o trabalho de procurar quaisquer novas explicações para a lei da gravitação. Hoje em dia, explicamos a lei da gravitação de um modo um tanto complicado, apresentado por Einstein. Não me proponho fazer aqui uma palestra sobre a lei da gravitação tal como foi interpretada por Einstein, pois que também isso exigiria algum tempo; seja como for, já não temos a mesma espécie de lei natural que tínhamos no sistema newtoniano, onde, por alguma razão que ninguém podia compreender, a natureza agia de maneira uniforme. Vemos, agora, que muitas coisas que considerávamos como leis naturais não passam, na verdade, de convenções humanas. Sabeis que mesmo nas mais remotas profundezas do sistema estelar uma jarda tem ainda três pés de comprimento. Isso constitui, sem dúvida, fato notabilíssimo, mas dificilmente poderíamos chamá-lo de lei da natureza. E, assim, muitíssimas outras coisas antes encaradas como leis da natureza são dessa espécie. Por outro lado, qualquer que seja o conhecimento a que possamos chegar sobre a maneira de agir dos átomos, veremos que eles estão muito menos sujeitos a leis do que as pessoas julgam, e que as leis a que a gente chega são médias estatísticas exatamente da mesma classe das que ocorreriam por acaso. Há, como todos nós sabemos, uma lei segundo a qual, no jogo de dados, só obteremos dois seis apenas uma vez em cerca de trinta e seis lances, e não encaramos tal fato como uma prova de que a queda dos dados é regulada por um desígnio; se, pelo contrário, os dois seis saíssem todas as vezes, deveríamos pensar que havia um desígnio. As leis da natureza são dessa espécie, quanto ao que se refere a muitíssimas delas. São médias estatísticas como as que surgiriam das leis do acaso — e isso torna todo este assunto das leis naturais muito menos impressionante do que em outros tempos. Inteiramente à parte disso, que representa um estado momentâneo da ciência que poderá mudar amanhã, toda a ideia de que as leis naturais subentendem um legislador é devida à confusão entre as leis naturais e as humanas. As leis humanas são ordens para que procedamos de certa maneira, permitindo-nos escolher se procedemos ou não da maneira indicada; mas as leis naturais são uma descrição de como as coisas de fato procedem e, não sendo senão uma mera descrição do que elas de fato fazem, não se pode arguir que deve haver alguém que lhes disse para que assim agissem, porque, mesmo supondo-se que houvesse, estaríamos diante da pergunta: “Por que Deus lançou justamente essas leis naturais e não outras?” Se dissermos que Ele o fez a Seu próprio bel-prazer, e sem qualquer razão para tal, verificaremos, então, que há algo que não está sujeito à lei e, desse modo, se interrompe a nossa cadeia de leis naturais. Se dissermos, como o fazem os teólogos mais ortodoxos, que em todas as leis feitas por Deus Ele tinha uma razão para dar tais leis em lugar de outras — sendo que a razão, naturalmente, seria a de criar o melhor universo, embora a gente jamais pensasse nisso ao olhar o mundo —, se havia uma razão para as leis ministradas por Deus, então o próprio Deus estava sujeito à lei, por conseguinte, não há nenhuma vantagem em se apresentar Deus como intermediário. Temos aí realmente uma lei exterior e anterior aos editos divinos, e Deus não serve então ao nosso propósito, pois que Ele não é o legislador supremo. Em suma, todo esse argumento da lei natural já não possui nada que se pareça com seu vigor de antigamente. Estou viajando no tempo em meu exame dos argumentos. Os argumentos quanto à existência de Deus mudam de caráter à medida que o tempo passa. Eram, a princípio, argumentos intelectuais, rígidos, encerrando certas ideias errôneas bastante definidas. Ao chegarmos aos tempos modernos, essas ideias se tornam intelectualmente menos respeitáveis e cada vez mais afetadas por uma espécie de moralizadora imprecisão.
DO BAÚ DO JANER CRISTALDO- domingo, dezembro 30, 2007 SENADOR-PENETRA
É espantoso como determinadas pessoas se atribuem - ou a elas são atribuídos - episódios curiosos. Renato Lessa escreve hoje no Estadão:
“Não sei se lenda ou peça de folclore político. Conta-se que décadas atrás o atual senador Marco Maciel se viu envolvido, em visita oficial à China, em um diálogo trepidante com Deng Xiaoping. Nosso senador - exemplo raro de gentileza na vida pública - teria perguntado ao líder chinês: “O que pensam vocês da Revolução Francesa?” A reposta, nessa improvável conversa, é reveladora da relatividade das distâncias temporais. O camarada Deng teria dito não haver ainda, na altura, opinião formada entre seus súditos sobre o evento, dado o caráter recente do mesmo. O que, afinal, significa um par de séculos, diante de uma história contada pela métrica dos milênios?”
Improvável conversa mesmo. Nada a ver com Marco Maciel, que entra na história de penetra. Essa anedota, eu a ouvi nos anos 70, em Estocolmo. O interlocutor de Deng Xiaoping teria sido um diplomata sueco. E a resposta do chim teria sido mais breve, como convém a uma história bem contada:
- Estamos observando.
“Não sei se lenda ou peça de folclore político. Conta-se que décadas atrás o atual senador Marco Maciel se viu envolvido, em visita oficial à China, em um diálogo trepidante com Deng Xiaoping. Nosso senador - exemplo raro de gentileza na vida pública - teria perguntado ao líder chinês: “O que pensam vocês da Revolução Francesa?” A reposta, nessa improvável conversa, é reveladora da relatividade das distâncias temporais. O camarada Deng teria dito não haver ainda, na altura, opinião formada entre seus súditos sobre o evento, dado o caráter recente do mesmo. O que, afinal, significa um par de séculos, diante de uma história contada pela métrica dos milênios?”
Improvável conversa mesmo. Nada a ver com Marco Maciel, que entra na história de penetra. Essa anedota, eu a ouvi nos anos 70, em Estocolmo. O interlocutor de Deng Xiaoping teria sido um diplomata sueco. E a resposta do chim teria sido mais breve, como convém a uma história bem contada:
- Estamos observando.
ALEXANDRE GARCIA- Ditadura do medo
Li, no fim-de-semana, o livro do copiloto do voo RG254 que fez pouso sobre a floresta amazônica, em 1989, Voo sem Volta. Depois do episódio e demitido da Varig, o copiloto do miraculoso pouso noturno de um Boeing 737-200 na copa das árvores, preencheu formulário para reentrar na aviação na VASP, recém privatizada. Gostaram de seu currículo, mas quando souberam que tinha sido copiloto do RG254, o elogiaram como profissional extraordinário, mas alegaram que “a mídia está muito em cima” e ele ficou desempregado. Naquele tempo, já se morria de medo do que nós, jornalistas, publicamos, como investigadores, julgadores e carrascos; hoje, além disso, põe-se o rabo no meio das pernas com medo dessa anônima, pseudônima, rede social. E mais, entre os próprios jornalistas, procura-se ficar dentro da voz corrente, da verdade corrente, da moda, com medo do julgamento dos pares.
Imagina se alguém ousa discordar da voz corrente? De que Jerusalém é, há mais de 3 mil anos, a capital dos hebreus e que Trump apenas transferiu a embaixada para a capital onde está o governo de Israel, e que isso nada muda a situação e acordos entre judeus e palestinos? Imagina se alguém disser que não houve apenas escravidão negra no Brasil, mas que o ministério público certamente enquadraria hoje como escravidão o que foi feito com imigrantes alemães, italianos, poloneses e japoneses no Brasil? Até defender a lei e a polícia virou motivo de censura por parte dos julgadores supremos da mídia e das redes sociais.
O país está sendo invertido, e as pessoas se encolhem passivamente por medo: o professor é o culpado porque o aluno não aprendeu; a sociedade é a culpada por existir bandido; o bandido é celebridade e a polícia(Civil, do Rio) tira selfies com o fora-da-lei; policiais são mortos pelos bandidos e as chamadas “forças vivas da Nação” não dão um pio, não lotam os cemitérios com homenagens; crianças são submetidas a arteiros a pretexto de arte; professora ensina aluno como vestir preservativo com a boca; o racismo está intrínseco em tudo que faz distinção da pessoa pela cor da pele; tentam nos convencer que anormalidades são normais e patrulham quem não concordar. Com isso, o país afunda em uma crise moral em que se consegue enfraquecer a lei, os princípios, a família, o mérito de cada um, graças ao medo imposto pela tirania do politicamente correto.
As pessoas têm medo de serem elas próprias; de contrariarem os modismos, a voz-corrente, o que está sacramentado porque foi publicado na mídia ou é policiado pelas redes sociais. O Big Brother(Irmão mais Velho) de Orwell saiu de 1984 e se mudou nos tempos de agora. O indivíduo está perdendo a identidade, passa a ser apenas um na manada. Não precisa ter o trabalho de apreender, de compreender, para decidir. Já decidiram por ele e basta seguir a manada para não ser pressionado, incomodado, policiado, julgado, sentenciado e executado pela voz corrente, essa força opressora que não tem sequer nome para impedir que seus oprimidos saibam contra quem teriam que se defender.
Imagina se alguém ousa discordar da voz corrente? De que Jerusalém é, há mais de 3 mil anos, a capital dos hebreus e que Trump apenas transferiu a embaixada para a capital onde está o governo de Israel, e que isso nada muda a situação e acordos entre judeus e palestinos? Imagina se alguém disser que não houve apenas escravidão negra no Brasil, mas que o ministério público certamente enquadraria hoje como escravidão o que foi feito com imigrantes alemães, italianos, poloneses e japoneses no Brasil? Até defender a lei e a polícia virou motivo de censura por parte dos julgadores supremos da mídia e das redes sociais.
O país está sendo invertido, e as pessoas se encolhem passivamente por medo: o professor é o culpado porque o aluno não aprendeu; a sociedade é a culpada por existir bandido; o bandido é celebridade e a polícia(Civil, do Rio) tira selfies com o fora-da-lei; policiais são mortos pelos bandidos e as chamadas “forças vivas da Nação” não dão um pio, não lotam os cemitérios com homenagens; crianças são submetidas a arteiros a pretexto de arte; professora ensina aluno como vestir preservativo com a boca; o racismo está intrínseco em tudo que faz distinção da pessoa pela cor da pele; tentam nos convencer que anormalidades são normais e patrulham quem não concordar. Com isso, o país afunda em uma crise moral em que se consegue enfraquecer a lei, os princípios, a família, o mérito de cada um, graças ao medo imposto pela tirania do politicamente correto.
As pessoas têm medo de serem elas próprias; de contrariarem os modismos, a voz-corrente, o que está sacramentado porque foi publicado na mídia ou é policiado pelas redes sociais. O Big Brother(Irmão mais Velho) de Orwell saiu de 1984 e se mudou nos tempos de agora. O indivíduo está perdendo a identidade, passa a ser apenas um na manada. Não precisa ter o trabalho de apreender, de compreender, para decidir. Já decidiram por ele e basta seguir a manada para não ser pressionado, incomodado, policiado, julgado, sentenciado e executado pela voz corrente, essa força opressora que não tem sequer nome para impedir que seus oprimidos saibam contra quem teriam que se defender.
O PAI DA CRIANÇA
Médico e enfermeira na sala de parto. A parturiente sofria, Romualdo, o pai, que nunca fora um marido exemplar andava de um lado para outro sem parar. Olhava à mulher e o relógio, tinha a impressão que o tempo tinha parado, suava de nervoso. Pediu licença e saiu da sala para fumar, mas não ficou nisso. Correu ao estacionamento e roubou o automóvel do médico que cuidava do parto, automóvel este que usou para fugir com seu amante, que era o marido da enfermeira. Foram vistos pela última vez curtindo praia em Porto Seguro.
ENTRE NÁDEGAS
“A confirmação que o comunismo é uma aberração está na Correia do Norte, confirmadíssima como o cu do mundo.” (Eriatlov)
ANTES PELO CAPETA
“Antes ser tutelado pelo capeta que pelos petistas. Com o diabo ainda teremos alegria e bailões. Com os enrustidos comunistas teremos censura, liberdade vigiada, perseguições e miséria. Não é assim em Cuba? Não está sendo assim na Venezuela?” (Eriatlov)
PÁSSARO LIVRE
“Jamais capitular diante do mal vermelho. Sou um pássaro livre, pelo céu azul eu navego.” (Eriatlov)
PARENTES
“A mãe de Hitler, Klara Hitler (o nome de solteira era Klara Polzl), era prima em segundo grau do seu pai. Aí está o risco de se morar perto de parentes.” (Eriatlov)
ALMA
“Ter alma é a ferramenta necessária para pagar o dízimo. Quem não possui alma está isento.” (Eriatlov)
REDUÇÃO DO SAPO
“Se Lula da Silva fosse colocado numa panela para ser reduzido, após horas de cozimento sobraria no utensílio uma enorme língua sem serventia.” (Eriatlov)
A CABEÇA
Há gente esquisita transitando por todos os lados.
Estava no lotação quando entrou um sujeito bem apessoado, cabelo aparado e
barba feita. Sentou-se ao meu lado, ajeitou o nó da gravata, pigarreou e tirou
a própria cabeça colocando-a de lado. Não é normal algo assim, porém somente
alguns passageiros prestaram apenas atenção momentânea ao fato e depois
trataram de cuidar das suas vidas. Antes do meu ponto ele desceu, porém
deixando a cabeça no ônibus. Gritei para ele:
- Ei amigo, sua cabeça!
Desceu sem dar à mínima, vai ver que sem cabeça
ficava surdo, algo lógico. A cabeça, ouvindo o barulho, abriu seus olhos
sonolentos.
-Não ligue, é sempre assim, disse-me ela. Depois
ele fica se perguntando onde estava com a cabeça. Toda segunda-feira me procura
nos Perdidos e Achados. Já estou acostumada.
Bem, sendo assim, fiquei tranquilo.
BIRD
Paulo resolveu mudar de vida. Completara trinta anos, era agora ou nunca. Entrou gritando no escritório da TV ALIANÇA: eu sou um pássaro, eu sei voar! Eu sou um pássaro, eu sei voar! Quero uma chance para mostrar! Todos pararam. Mais um louco, pensaram eles. Queria ele ser apresentado ao diretor artístico, sem perda de tempo. A secretária chamou os seguranças conforme determinou o diretor para colocá-lo fora do prédio. Ele não se deu por entregue. Antes da chegada dos brutamontes bateu os braços e saiu voando pela janela. Sorte dele que estava no térreo.
RENOVAÇÃO
Manuel, setenta e cinco anos. Morava ele numa chácara em lugar ermo. Viúvo e com um só filho que estava na prisão , não tinha telefone, TV e nem vizinhos. Gostava de viver assim, amigo da solidão. Nunca ficou doente, não ia ao médico. Naquela noite repousava ao entardecer na cama quente. Fora das cobertas o frio era intenso. Na madrugada o corpo quente foi ficando frio e finalmente gelou. O defunto ficou abandonado na cama por alguns dias e ninguém notou sua falta. Ou melhor, o gato Bidu sentiu, mas também morreu logo, não de frio, mas de fome. Sem receber visitas, quem achou o cadáver do velho e levou um grande susto foi o funcionário do banco que lá foi, triste ironia, para renovar seu seguro de vida.
quarta-feira, 13 de dezembro de 2017
RATOS
Ratos foram vistos nos jardins da Câmara dos Deputados. Por certo são as Excelências tomando sol.
SEM MULETAS
“Salve a mente que corre e voa. Sem muletas, sem a sombra do sobrenatural. Que a ciência seja a luz que ilumine os caminhos!” (Mim)
SÓ OS BONS?
“Dizem os consoladores que Deus chama os bons. Pode ser, mas a lista dos bem ruinzinhos que ele já chamou é de encher caixotes.” (Mim)
MESTRE YOKI
“Mestre, o senhor já foi
de esquerda?”
“Sim meu pequeno grilo
falante, mas ninguém é obrigado a ser burro para sempre.”
LIMÃO
“As redes sociais também estão repletas de coisinhas que pouco tem para acrescentar. Ainda não se alfabetizaram e já desejam escrever discursos. ” (Limão)
terça-feira, 12 de dezembro de 2017
SEMILDA BEATA
Semilda, sempre vestida de preto, um urubu de saias. O sangue irriga seu cérebro não sei por que, pois vive prostrada maltratando os joelhos. Do alto espera castigo e prêmios, o resultado não aparece, mas junta as mãos muito mais que toma banho. É uma juíza, julga todos, porém se perguntada sobre algo coerente e real é uma toupeira que não sabe nem quando é dia ou noite. Uma beata, inerte no pensar como uma batata dentro de um saco na carroceria de um caminhão.
ANA ANDROPOVA E ALEXEI ROMANOV
Moscou, Rússia. Ana Andropova, 40 anos, dona de casa, cinco casamentos, sem filhos, cinco vezes viúva, todos de morte natural. Alexei Romanov, agricultor, um homem bom, 42 anos, se achava também um homem de muita sorte e propôs casamento a Ana Andropova; não temia morrer cedo. Acontecido o entendimento sentimental e financeiro entres as partes, casamento realizado. Foram morar no campo e viveram felizes por mais de quarenta anos. Não tiveram rebentos. Morreram de infarto no mesmo dia e hora, sem sofrimento. Ao limparem os corpos descobriram que os dois tinham um trevo de quatro folhas vivo e crescido no ouvido esquerdo.
MARIA
Maria não queria João, queria Paulo. O pai de Maria não queria Paulo, queria João. Maria mulher objeto desejava ter amor, voz, vida, luz, liberdade. A mão pesada dos costumes desceu sobre Maria que soluçava pelas noites geladas na solidão da cama, desenhando no chão de areia pássaros livres, tentando resignar-se com seu destino e aceitar o determinado pelo pai. Porém algo dentro dela era mais forte, pois corria por suas veias o sangue da insubmissão e do desejo de todos os mortais de ser feliz. Os dias de Maria eram de tristeza, sabendo que o futuro lhe reservava a mesma vida inglória de diversas outras Marias de sua aldeia. Então quando teve certeza que nada mudaria o contrato acertado da troca de uma mulher por cabras e algum dinheiro, foi ao rio. Lá calmamente se deixou levar pelas águas, entrando num transe de paz, conquistando a liberdade tão almejada.
TOMATE
Numa tarde movimentada um tomate foi atravessar a rua, então surgiu um caminhão em alta velocidade e o pneu dianteiro foi para cima do tomate que a realizou a transformação papel e saiu ileso. Era um tomate ninja.
Moral e política- Denis Lerrer Rosenfield, O Estado de S.Paulo
Moral e política
Querer impor um novo mundo por decisões judiciais expressa uma forma de messianismo
Denis Lerrer Rosenfield, O Estado de S.Paulo
Moral e política têm sido tão entrelaçadas em nosso país que por vezes se perde uma distinção essencial entre essas duas áreas do conhecimento e da ação. Se, por um lado, é um ganho político e institucional da maior importância moralizar a política, por outro, não se pode tornar essa mesma política uma atividade de cunho moral.
Uma coisa é a sociedade assumir a moralidade pública como bandeira, exigindo que os políticos ajam de acordo com os critérios de honestidade no tratamento da coisa pública – que, justamente por ser pública, não pode ser apropriada privadamente. Trata-se da acepção mesma de República. Outra, muito diferente, consiste em aplicar à política os mesmos critérios que são empregados nos julgamentos de outras ações humanas, visto que a política é o terreno da violência, da intriga e do engano do outro. Trata-se de uma dimensão irrecusável da realidade tal como ela é, devendo ser tratada conforme seus instrumentos específicos.
Nada impede, por exemplo, que um governo envolvido em questões de imoralidade pública faça reformas necessárias em proveito da coisa pública, do bem-estar de todos. Pretender que a moral e a política coincidam pode produzir a satisfação da alma que se representa como virtuosa, sem que o dado básico da política enquanto atividade caracterizada por relações de força, pela falta de moralidade, sofra alteração alguma.
No caso do governo Temer, por exemplo, temos a velha política sendo utilizada conforme os ditames de uma agenda reformista, transformando o País. Ao assumir, o novo presidente defrontou-se com uma questão estrutural da democracia, atinente aos seus próprios fundamentos: todo presidente governa com o Parlamento que tem à mão. Não é de seu arbítrio escolher a composição do Poder Legislativo. É o jogo próprio das instituições democráticas. Trata-se do exercício da soberania popular. Não nos situamos na esfera da moralidade, mas da política, com seu amoralismo e sua demagogia.
Note-se que a política foi empregada não para contemplar critérios abstratos de moralidade, com suas próprias noções de bem, mas para a realização de outra noção específica do bem, a do bem público, coletivo. Poder-se-ia falar aqui de uma contraposição entre o bem abstrato da moralidade e o bem público da política, por mais que se busque reduzir o alcance dessa diferenciação. Reduzir, porém não anular, pois suas esferas de atuação são diferentes, assim como suas pressuposições e seus critérios.
Nessa perspectiva, o presidente negociou um projeto de reformas, voltado para os fundamentos do Estado e da sociedade, que veicula, por si mesmo, a sua própria noção de bem coletivo e de bem-estar social. O povo clama por moralidade pública, o novo governo não se caracteriza por seguir esses critérios, no entanto, reformas são feitas para tornar possível o bem público, menosprezado pelo governo anterior.
Temos, então, o que pode aparecer como um paradoxo. O presidente da República implementou um moderno projeto de reformas utilizando-se dos velhos instrumentos da política. Poder-se-ia dizer que a “imoralidade” se tornou um instrumento de uma outra conotação ética, a do bem público. O vício prestou serviço à virtude. Ora, o que aparece como um paradoxo desaparece na medida em que os critérios da moralidade abstrata e da política, assim como seus fundamentos e condições, não são os mesmos, seguindo outros parâmetros e pressupostos. O problema só surge quando aplicamos a uma e outra esfera de atuação humana critérios que são, por natureza, distintos.
A política é o terreno do “ser”, da realidade dada, em todas as suas dimensões, incluindo a violência e tudo o que desagrada ao juízo moral. Gostaríamos, certamente, de que as coisas fossem de outro modo, mais eis um dado incontornável de qualquer diagnóstico, análise e juízo. A moral é o terreno do “dever ser”, das construções valorativas, em que entram em jogo critérios do que estimamos que a realidade deveria ser, sem suas fraturas e imperfeições. No mundo real, a ideia de perfeição aparece como sendo algo desejável, um fim inalcançável, porém alguns a estimam como possível, o que transparece nas utopias e nas diferentes formas de messianismo político.
Ora, utopias e messianismo político expressam menosprezo pela realidade, como se esta pudesse ser simplesmente substituída por um movimento de tipo revolucionário que tudo destruiria do existente. Acontece que o mundo do “dever ser” é um mundo inexistente, um mundo de ideias que só encontra sustentação em si mesmo. Cria finalidades e objetivos que têm como fundamento somente a sua própria abstração.
Nesse sentido, o discurso das almas virtuosas pode produzir um efeito retórico para contemplar os amantes da moralidade abstrata, mas é de pouca utilidade quando confrontado com as questões concretas de como governar, conforme as agruras e o cinismo da política. Hegel dizia que a consciência veste aqui a roupagem do que ele chamava de “bela alma”, encantada com sua moralidade pura e sua beleza estética, como se pudesse viver à parte dos assuntos do mundo, onde impera a impureza.
Uma bela alma evita sujar-se com os assuntos do mundo, porém esse segue o seu curso com a sujeira que o constitui. Se permanecer em sua abstração, na subjetividade do lamento, não produzirá maiores consequências políticas, salvo se enveredar para posturas políticas.
No caso brasileiro, temos a especificidade de promotores e juízes que se estimam destinados a uma missão, como se pudessem construir um mundo totalmente novo, partindo do pressuposto de que toda a classe política é “má”, “suja”, a ser destruída e substituída por algo puramente moral. Esse outro, contudo, só existe no terreno das ideias, do “dever ser”. Querer impô-lo pela força de decisões judiciais expressa uma moralidade que se revela sob a forma do messianismo político.
Querer impor um novo mundo por decisões judiciais expressa uma forma de messianismo.
Querer impor um novo mundo por decisões judiciais expressa uma forma de messianismo
Denis Lerrer Rosenfield, O Estado de S.Paulo
Moral e política têm sido tão entrelaçadas em nosso país que por vezes se perde uma distinção essencial entre essas duas áreas do conhecimento e da ação. Se, por um lado, é um ganho político e institucional da maior importância moralizar a política, por outro, não se pode tornar essa mesma política uma atividade de cunho moral.
Uma coisa é a sociedade assumir a moralidade pública como bandeira, exigindo que os políticos ajam de acordo com os critérios de honestidade no tratamento da coisa pública – que, justamente por ser pública, não pode ser apropriada privadamente. Trata-se da acepção mesma de República. Outra, muito diferente, consiste em aplicar à política os mesmos critérios que são empregados nos julgamentos de outras ações humanas, visto que a política é o terreno da violência, da intriga e do engano do outro. Trata-se de uma dimensão irrecusável da realidade tal como ela é, devendo ser tratada conforme seus instrumentos específicos.
Nada impede, por exemplo, que um governo envolvido em questões de imoralidade pública faça reformas necessárias em proveito da coisa pública, do bem-estar de todos. Pretender que a moral e a política coincidam pode produzir a satisfação da alma que se representa como virtuosa, sem que o dado básico da política enquanto atividade caracterizada por relações de força, pela falta de moralidade, sofra alteração alguma.
No caso do governo Temer, por exemplo, temos a velha política sendo utilizada conforme os ditames de uma agenda reformista, transformando o País. Ao assumir, o novo presidente defrontou-se com uma questão estrutural da democracia, atinente aos seus próprios fundamentos: todo presidente governa com o Parlamento que tem à mão. Não é de seu arbítrio escolher a composição do Poder Legislativo. É o jogo próprio das instituições democráticas. Trata-se do exercício da soberania popular. Não nos situamos na esfera da moralidade, mas da política, com seu amoralismo e sua demagogia.
Note-se que a política foi empregada não para contemplar critérios abstratos de moralidade, com suas próprias noções de bem, mas para a realização de outra noção específica do bem, a do bem público, coletivo. Poder-se-ia falar aqui de uma contraposição entre o bem abstrato da moralidade e o bem público da política, por mais que se busque reduzir o alcance dessa diferenciação. Reduzir, porém não anular, pois suas esferas de atuação são diferentes, assim como suas pressuposições e seus critérios.
Nessa perspectiva, o presidente negociou um projeto de reformas, voltado para os fundamentos do Estado e da sociedade, que veicula, por si mesmo, a sua própria noção de bem coletivo e de bem-estar social. O povo clama por moralidade pública, o novo governo não se caracteriza por seguir esses critérios, no entanto, reformas são feitas para tornar possível o bem público, menosprezado pelo governo anterior.
Temos, então, o que pode aparecer como um paradoxo. O presidente da República implementou um moderno projeto de reformas utilizando-se dos velhos instrumentos da política. Poder-se-ia dizer que a “imoralidade” se tornou um instrumento de uma outra conotação ética, a do bem público. O vício prestou serviço à virtude. Ora, o que aparece como um paradoxo desaparece na medida em que os critérios da moralidade abstrata e da política, assim como seus fundamentos e condições, não são os mesmos, seguindo outros parâmetros e pressupostos. O problema só surge quando aplicamos a uma e outra esfera de atuação humana critérios que são, por natureza, distintos.
A política é o terreno do “ser”, da realidade dada, em todas as suas dimensões, incluindo a violência e tudo o que desagrada ao juízo moral. Gostaríamos, certamente, de que as coisas fossem de outro modo, mais eis um dado incontornável de qualquer diagnóstico, análise e juízo. A moral é o terreno do “dever ser”, das construções valorativas, em que entram em jogo critérios do que estimamos que a realidade deveria ser, sem suas fraturas e imperfeições. No mundo real, a ideia de perfeição aparece como sendo algo desejável, um fim inalcançável, porém alguns a estimam como possível, o que transparece nas utopias e nas diferentes formas de messianismo político.
Ora, utopias e messianismo político expressam menosprezo pela realidade, como se esta pudesse ser simplesmente substituída por um movimento de tipo revolucionário que tudo destruiria do existente. Acontece que o mundo do “dever ser” é um mundo inexistente, um mundo de ideias que só encontra sustentação em si mesmo. Cria finalidades e objetivos que têm como fundamento somente a sua própria abstração.
Nesse sentido, o discurso das almas virtuosas pode produzir um efeito retórico para contemplar os amantes da moralidade abstrata, mas é de pouca utilidade quando confrontado com as questões concretas de como governar, conforme as agruras e o cinismo da política. Hegel dizia que a consciência veste aqui a roupagem do que ele chamava de “bela alma”, encantada com sua moralidade pura e sua beleza estética, como se pudesse viver à parte dos assuntos do mundo, onde impera a impureza.
Uma bela alma evita sujar-se com os assuntos do mundo, porém esse segue o seu curso com a sujeira que o constitui. Se permanecer em sua abstração, na subjetividade do lamento, não produzirá maiores consequências políticas, salvo se enveredar para posturas políticas.
No caso brasileiro, temos a especificidade de promotores e juízes que se estimam destinados a uma missão, como se pudessem construir um mundo totalmente novo, partindo do pressuposto de que toda a classe política é “má”, “suja”, a ser destruída e substituída por algo puramente moral. Esse outro, contudo, só existe no terreno das ideias, do “dever ser”. Querer impô-lo pela força de decisões judiciais expressa uma moralidade que se revela sob a forma do messianismo político.
Querer impor um novo mundo por decisões judiciais expressa uma forma de messianismo.
Fonte: Documentos- Blog Políbio Braga
CORRUPTOS SOMENTE OS POLÍTICOS?- 4,4 milhões fraudavam Bolsa Família e fraudes no auxílio-doença chegaram a 85% do bolo total
É a corrupção no andar de baixo. Ali, vale ?
O ministro do Desenvolvimento Social, Osmar Terra, fez duas delações neste domingo, tudo para dedar a desordem administrativa deixada pelos governos do PT (Lula e Dilnma):
1) 4,4 milhões de famílias foram expurgadas do Bolsa Família porque fraudaram informações.
2) 85% das pessoas que eram beneficadas por auxílio-doença foram expurgadas porque fraudavam o INSS.
A economia em ambos os casos, somados, irá este ano a R$ 10 bilhões.
É muito dinheiro.
Com isto, as filas que se arrastavam e chegavam a um ano e meio para inscrição no Bolsa Família, foram zeradas.
Resta saber se os fraudadores irão para a cadeia e devolverão o dinheiro recebido ilegalmente.
Políbio Braga
O ministro do Desenvolvimento Social, Osmar Terra, fez duas delações neste domingo, tudo para dedar a desordem administrativa deixada pelos governos do PT (Lula e Dilnma):
1) 4,4 milhões de famílias foram expurgadas do Bolsa Família porque fraudaram informações.
2) 85% das pessoas que eram beneficadas por auxílio-doença foram expurgadas porque fraudavam o INSS.
A economia em ambos os casos, somados, irá este ano a R$ 10 bilhões.
É muito dinheiro.
Com isto, as filas que se arrastavam e chegavam a um ano e meio para inscrição no Bolsa Família, foram zeradas.
Resta saber se os fraudadores irão para a cadeia e devolverão o dinheiro recebido ilegalmente.
Políbio Braga
segunda-feira, 11 de dezembro de 2017
Por que não sou Cristão: um exame da ideia divina e do cristianismo- Bertrand Russell
A existência de Deus
Esta questão da existência de Deus é um assunto longo e sério, e, se eu tentasse tratar do tema de maneira adequada, teria de reter-vos aqui até o advento do Reino dos Céus, de modo que me perdoareis se o abordar de maneira um tanto sumária. Sabeis, certamente, que a Igreja Católica estabeleceu como dogma que a existência de Deus pode ser provada sem ajuda da razão. Trata-se de um dogma um tanto curioso, mas é um de seus dogmas. Tiveram de introduzi-lo porque, em certa ocasião, os livres-pensadores adotaram o hábito de dizer que havia tais e tais argumentos que a simples razão poderia levantar contra a existência de Deus, mas eles certamente sabiam, como uma questão de fé, que Deus existia. Tais argumentos e razões foram minuciosamente expostos, e a Igreja Católica achou que devia acabar com aquilo. Estabeleceu, por conseguinte, que a existência de Deus pode ser provada sem ajuda da razão, e seus dirigentes tiveram de estabelecer o que consideravam argumentos capazes de prová-lo. Há, por certo, muitos deles, mas tomarei apenas alguns.
O argumento da causa primeira
Talvez o mais simples e fácil de se compreender seja o argumento da Causa Primeira. Afirma-se que tudo o que vemos neste mundo tem uma causa e que, se retrocedermos cada vez mais na cadeia de tais causas, acabaremos por chegar a uma Causa Primeira, e que a essa Causa Primeira se dá o nome de Deus. Esse argumento, creio eu, não tem muito peso hoje em dia, em primeiro lugar porque causa já não é bem o que costumava ser. Os filósofos e os homens de ciência têm martelado muito a questão de causa, e ela não possui nada que se assemelhe à vitalidade que tinha antes; mas, à parte tal fato, pode-se ver que o argumento de que deve haver uma Causa Primeira é um argumento que não pode ter qualquer validade. Posso dizer que quando era jovem e debatia muito seriamente em meu espírito tais questões, eu, durante muito tempo, aceitei o argumento da Causa Primeira, até que, certo dia, aos dezoito anos de idade, li a Autobiografia de John Stuart Mill, lá encontrando a seguinte sentença: “Meu pai ensinou-me que a pergunta ‘Quem me fez?’ não pode ser respondida, já que sugere imediatamente a pergunta subsequente: ‘Quem fez Deus?’”. Essa simples sentença me mostrou, como ainda hoje penso, a falácia do argumento da Causa Primeira. Se tudo tem de ter uma causa, então Deus deve ter uma causa. Se pode haver alguma coisa sem causa, pode ser muito bem ser tanto o mundo como Deus, de modo que não pode haver validade alguma em tal argumento. Este é exatamente da mesma natureza que o ponto de vista hindu, de que o mundo se apoiava sobre um elefante e o elefante sobre uma tartaruga, e quando alguém perguntava: “E a tartaruga?”, o indiano respondia: “Que tal se mudássemos de assunto?” O argumento, na verdade, não é melhor do que este. Não há razão pela qual o mundo não pudesse vir a ser sem uma causa; por outro lado, tampouco há qualquer razão pela qual o mesmo não devesse ter sempre existido. Não há razão, de modo algum, para se supor que o mundo teve um começo. A ideia de que as coisas devem ter um começo é devida, realmente, à pobreza de nossa imaginação. Por conseguinte, eu talvez não precise desperdiçar mais tempo com o argumento acerca da Causa Primeira.
Talvez o mais simples e fácil de se compreender seja o argumento da Causa Primeira. Afirma-se que tudo o que vemos neste mundo tem uma causa e que, se retrocedermos cada vez mais na cadeia de tais causas, acabaremos por chegar a uma Causa Primeira, e que a essa Causa Primeira se dá o nome de Deus. Esse argumento, creio eu, não tem muito peso hoje em dia, em primeiro lugar porque causa já não é bem o que costumava ser. Os filósofos e os homens de ciência têm martelado muito a questão de causa, e ela não possui nada que se assemelhe à vitalidade que tinha antes; mas, à parte tal fato, pode-se ver que o argumento de que deve haver uma Causa Primeira é um argumento que não pode ter qualquer validade. Posso dizer que quando era jovem e debatia muito seriamente em meu espírito tais questões, eu, durante muito tempo, aceitei o argumento da Causa Primeira, até que, certo dia, aos dezoito anos de idade, li a Autobiografia de John Stuart Mill, lá encontrando a seguinte sentença: “Meu pai ensinou-me que a pergunta ‘Quem me fez?’ não pode ser respondida, já que sugere imediatamente a pergunta subsequente: ‘Quem fez Deus?’”. Essa simples sentença me mostrou, como ainda hoje penso, a falácia do argumento da Causa Primeira. Se tudo tem de ter uma causa, então Deus deve ter uma causa. Se pode haver alguma coisa sem causa, pode ser muito bem ser tanto o mundo como Deus, de modo que não pode haver validade alguma em tal argumento. Este é exatamente da mesma natureza que o ponto de vista hindu, de que o mundo se apoiava sobre um elefante e o elefante sobre uma tartaruga, e quando alguém perguntava: “E a tartaruga?”, o indiano respondia: “Que tal se mudássemos de assunto?” O argumento, na verdade, não é melhor do que este. Não há razão pela qual o mundo não pudesse vir a ser sem uma causa; por outro lado, tampouco há qualquer razão pela qual o mesmo não devesse ter sempre existido. Não há razão, de modo algum, para se supor que o mundo teve um começo. A ideia de que as coisas devem ter um começo é devida, realmente, à pobreza de nossa imaginação. Por conseguinte, eu talvez não precise desperdiçar mais tempo com o argumento acerca da Causa Primeira.
Bertrand Russell
FILHO DE BOLIVARIANO É FOGO
-Papá, quando nossa vida irá melhorar?
-Quando nosso comandante Maduro acabar com imperialistas!
- Mas por que ele escolheu primeiro acabar com os
venezuelanos? Por que não acabou logo com os imperialistas?
NO CONSULTÓRIO
Homem entra num consultório médico e lá encontra dois
dirigentes petistas bem conhecidos. Diz à recepcionista:
- Favor desmarcar a minha consulta.
-Por que senhor?
-Achei que o doutor fosse neurocirurgião, mas pelo que
vejo é de outra área e estuda desvios de comportamento.
ENCANTAMENTO CONTRA DOR DE DENTE
ENCANTAMENTO CONTRA DOR DE DENTE
Na antigüidade, nos costumes e nas conversas do diaa-dia, os acontecimentos mais mundanos eram relacionados com os principais eventos cósmicos. Um exemplo interessante é o encantamento contra o verme que os assírios de 1.000 a.C. imaginavam que provocava a dor de dente. Ele começa com a origem do universo e termina com a cura para a dor de dente:
Na antigüidade, nos costumes e nas conversas do diaa-dia, os acontecimentos mais mundanos eram relacionados com os principais eventos cósmicos. Um exemplo interessante é o encantamento contra o verme que os assírios de 1.000 a.C. imaginavam que provocava a dor de dente. Ele começa com a origem do universo e termina com a cura para a dor de dente:
Após Anu ter criado os céus,
E os céus terem criado a terra,
E a terra ter criado os rios,
E os rios terem criado os canais,
E os canais terem criado o pântano,
E o pântano ter criado o verme,
O verme procurou Shamash chorando,
Suas lágrimas se derramando diante de Ea: "O que me darás como
comida, O que me darás para beber?"
"Eu te darei o figo seco E o damasco."
"O que representam eles para mim? O figo seco E o damasco!
Eleve-me, e entre os dentes
E as gengivas deixe-me morar!...
"Por teres dito isto, ó verme, Possa Ea destruir-te com a força da
Sua mão!
(Encantamento contra dor de dente).
O tratamento: Cerveja de segunda classe... e óleo que tu deverás misturar; O encantamento, tu deverás recitá-lo três vezes seguidas e então colocar a poção sobre o dente.
(Encantamento contra dor de dente).
O tratamento: Cerveja de segunda classe... e óleo que tu deverás misturar; O encantamento, tu deverás recitá-lo três vezes seguidas e então colocar a poção sobre o dente.
Nossos ancestrais ansiavam compreender o mundo, mas não conseguiram
encontrar um método. Imaginaram um universo pequeno, fantástico e arrumado, no
qual as forças dominantes eram deuses como Anu, Ea e Shamash. Neste universo os
seres humanos desempenharam um papel importante, senão central. Estamos
intimamente entrosados com o resto da natureza. O tratamento da dor de dente
com cerveja de segunda classe estava associado aos mais profundos mistérios
cosmológicos.
Fragmento do livro COSMOS, de Carl Sagan
A FILA
A fila ultrapassava cinco quarteirões. O passante
curioso perguntou para o último dos esperançosos:
-Fila para emprego?
-Não. Estamos pegando senha para no futuro
entrarmos no paraíso.
O passante ficou atônito:
- É grátis?
-Não! Duzentos reais.
-Bem caro- falou o passante. - Acho que irei
aguardar pela fila do purgatório.
QUEM PROCURA ACHA
Erni procurava lugar para bebericar de graça, mas já estava muito bêbado. Entrou então numa capela onde se realizava um velório e aprontou o maior rebuliço. Mesmo sem ouvir música alguma achou que era uma festa e foi tirando a viúva para dançar. Não contente foi para cima do defunto derrubando velas e castiçais. Levou uns petelecos e foi atirado num canto pelos parentes do morto. Quando apareceram os homens da Brigada Militar não se conteve e gritou: Viva! Finalmente o conjunto chegou! Levou mais dois sopapos e acordou detrás das grades já curado do porre. Foi então liberado e já na primeira esquina tomou uns goles e aprontou novamente, ofendendo os presentes e querendo briga com o dono do boteco. A boca em que se metera era brava, levou dois tiros e virou finado.
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