Uma pequena luz surgiu e ele começou a ter
consciência de si. Perguntas fazia sem
ter noção de como aprendeu a fazê-las... Quem sou eu? Que lugar é este? O que
estou fazendo aqui? O que é mãe? Onde está a minha mãe? Tenho pai? Quem é o meu
pai? Tenho um nome? Qual será o meu nome? Apertado dentro da casa queria sair
correndo, mas como correr se não tinha pernas, se estava dominado por cordas?
Sentiu um pulsar de um coração, bem próximo, alguém o tirando do sufoco da casa,
deixando-o menos apertado e sufocado. Viajou pelo ar e quedou-se dentro de um
enorme lugar escuro, de cheiro um pouco azedo e viu que lá existiam outros como
ele, mas silenciosos, não faziam qualquer movimento ou barulho. Na escuridão
fazia mais perguntas , queria saber...Que cheiro é esse? Por que ninguém fala
comigo? Deus existe? Por que este lugar é tão abafado? Quem é Madona? Estou
desesperado, quero sair daqui! Impostos, o que são impostos? Jesus, cadê Jesus?
Serei ateu? Por que tenho quatro furos
no peito? As perguntas não cessavam e acabaram irritando um zíper de calça
jeans que também estava no mesmo cesto de roupa suja. O zíper foi duro:
‘Cale-se imbecil! Você é apenas um botão de quatro furos que agora raciocina,
vivendo sua vidinha miserável numa camisa de flanela xadrez! Basta!’
segunda-feira, 30 de abril de 2018
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