ENCHICLETADO
Naquele
tempo os clientes de banco ficavam em pé nas filas.
Parado na fila do banco e vestindo um
casaco amarelo surrado, um homem ruivo aguardava com impaciência para ser
atendido pelo caixa. Apertava suas mãos e fazia ritmo com o pé direito.
O primeiro na frente voltou-se
silenciosamente e olhou para ele severamente, como que pedindo "tenha
paciência". Mas ruivo mastigava um palito de fósforo e bufava como um
touro bravo. Será que iria perder o trem?
Assim como o vento que sopra de
repente, sem mais nem menos, tirou do bolso um cotonete usado e o cravou nas
costas da primeira pessoa que estava na sua frente.
O homem atacado gritou desesperado e
caiu desmaiado. O guarda do banco presenciou o ataque e reagiu prontamente.
Tirou da boca um chiclete que mascava e o arremessou contra o bandido com
força, arrancando parte do crânio. O assassino tombou, disse algumas palavras
sem nexo e morreu assim, cercado de pessoas silenciosas e devidamente
enchicletado.
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